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Aterrar - Dançando com os Dragões

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • 24 de mar.
  • 9 min de leitura


Escrevo aqui um pouco sobre o capítulo vigente da minha vida.





O CAPÍTULO ANTERIOR

O capítulo anterior se chamava Escafandro e se referia àquelas roupas de mergulho antigas, e um mergulho (surpreendentemente já fiz um post sobre isso).

TRANSIÇÃO

Mudança qualitativa a partir de diversas mudanças quantitativas. Não há um fato apenas que provoque mudança, isso porque tudo que acontece tem uma história anterior e todas essas coisas vão se intensificando até transformar-se em substância.

Como uma semente que vira árvore. Como um artista misturando tintas até que outra cor se forme. A gradualidade é um fator primordial aqui, porque as palavras são escritas letras por letras, e depois palavras e frases. Etc.

O COMEÇO DO CAPÍTULO

Não é possível cravar uma data exata de quando um capítulo começa ou termina, justamente por ser uma transição e a vida real, porém, nesse caso específico, sinto que houveram alguns sinais claros de mudança e tudo começou com um sonho esquisito, envolvendo um dragão (ou um castelo de dragões). Ok, não vou descrever o sonho aqui, mas foi estranhíssimo.

Durante aquela semana ainda tive outros sonhos estranhíssimos. Logo após o sonho com o Dragão Branco, uns dois ou três dias depois vi um story no instagram de uma página espiritualista de um garoto voando em um dragão branco e ao fundo a música “the Neverending Story”. Ao ver que era um dragão voando, lembrei instantaneamente do meu sonho e assim pesquisei o nome da música (que já conhecia,

por causa da série Stranger Things). Um detalhe importante nessa história é que eu não costumo ver stories e também havia reativado meu instagram recentemente. Isso mostra mais uma vez o carater transitivo da história e também sua complexidade, porque eu poderia dizer que tudo começou com a volta do instagram, mas daí encontraria outra coisa e outra coisa e outra coisa, mas se vermos isso como descrito acima (gradiente de cores), podemos perceber a transição se intensificando a medida que as “quantitividades” de elementos torna-se mais aparente (ou consciente?). Pois bem, após pesquisar a música pelo nome, obtive como primeiro resultado um filme “A História Sem Fim” de 1984, logo tomei conhecimento que esse filme era baseado em um livro do mesmo nome. Após aquele dia, corri para comprar o livro, pesquisei na Amazon, e enviei uma mensagem no grupo de troca e venda de livros da faculdade. Após alguns dias (uns dois ou três), alguém postou que estava vendendo justamente esse livro que eu queria. Paguei 40 reais e comprei. A capa do livro era azul e era de uma edição educacional, feia, sinceramente. Naquela noite comi queijo entre outras coisas e passei muito mal, vomitei dormindo, acordei no outro dia com o chão melequento e o livro tinha absorvido parte do liquido nojento. Eca! Eu sei. Tentei secá-lo, lavá-lo, salvá-lo, mas não pude. Algumas coisas hão de ser jogadas fora. Então joguei fora, mas ainda sim sentia (sim, sentia) que ainda deveria ler o livro. Então o comprei pela Amazon (maldito Jeff Bezos) a versão nova em uma edição com capa preta escrita “Faça o que quiser”. Li o livro. Incrível (talvez eu faça um post só sobre isso). Um tempinho depois li Brida, que me ensinou algumas coisas legais, tanto relacionadas à dança quanto a escutar o mundo, quanto a distração (Brida merecia um post só sobre ela também). Por fim, a virada do ano. Ano novo, vida nova, primeiro livro do ano foi um livro sobre dragões, tentei encontrar no goodreads mas não achei, provavelmente porque os autores são um casal que falam sobre esses assuntos no youtube e era algo mais restrito. Eu tinha entrado no grupo do whatsapp deles, logo após o sonho estranho. Sobre esse livro exatamente, ele me deu duas ideias para posts: uma sobre dar e receber e a outra eu esequeci hehe. Enfim.

Além de todas essas coisas iniciais, foi bastante chocante ler algo que escrevi no passado. Obviamente não vou dizer o que escrevi, mas um dia eu estava limpando meu notebook antigo porque iriamos doar para minha sobrinha e aí percebi que tinha uma pasta no meio de todas elas com um arquivo do word escrito “As perguntas que vão mudar sua vida”. Apenas a primeira pergunta estava respondida, na categoria PESSOAL com a data logo a seguir:

Como é a visão que tenho de mim mesma - 27/02/2022

A resposta foi de fato muito interessante, porque foi honesta. Talvez uma das poucas vezes que escrevi de fato o que eu pensava sobre mim mesma naquela época. Isso me fez ver como eu sou diferente daquilo que fui um dia e como estou em um lugar melhor agora do que eu estava dois dias depois do meu aniversário em 2022. Um dia vou compartilhar as perguntas aqui e quem sabe respondê-las (para mim mesma). As perguntas são realmente boas e fico feliz de não ter conseguido responder nenhuma na época, acredito que naquele momento seria perigoso até para minha própria segurança algumas das respostas. Tem uma frase que guardo comigo que escrevi anteriormente e que serve de recordação do quanto mudei. Não vou compartilhá-la. Na verdade, esse post terá várias lacunas, devido ao caráter pessoal desse post.

Ok. Voltando ao livro A História Sem Fim, como é um livro famoso e um filme antigo, não acho que dizer que tinha um dragão no filme/livro é um spoiler. Comprei um dragãozinho de impressora 3d para me acompanhar nessa jornada. Logo depois de comprar esse querido, recebi uma proposta de emprego em uma cidade. Fui e um dia antes da viagem o dragãozinho chegou na cidade em que eu estava e por isso pude levá-lo para minha cidade também.

Esse dragão é um DRAGÃO DA SORTE.

Enfim, comecei o trabalho, tive que sacrificar algumas coisas, mas todo começo de capítulo tem isso, quando me mudei, quando terminou escafandro, etc. Vamos continuar a história.

Um dia, precisava ir ao shopping recarregar meu cartão de onibus e sacar dinheiro porque eles só aceitavam dinheiro físico. Fui. E lá estava tendo uma exposição de dragões no shopping, obviamente tudo isso pode ser tudo uma coincidência, mas ao mesmo tempo, por que não? Não há provas que não, nem que sim. Então eu só posso organizar os acontecimentos de acordo com a narrativa que posso criar, e talvez isso seja uma justificativa (preciso postar sobre justificativa) para a minha escolha de acreditar, mas eu não preciso me justificar quanto a isso. Não é?

No dia seguinte, um livro de dragão foi levado ao trabalho, somando-se com as coincidências.

Na mesma semana, precisei de fato recarregar o cartão do onibus, já que no dia de ir ao shopping, o caixa eletrônico estava quebrado, então apenas vi a exposição e fui pra casa. Nesse dia, precisei trocar dinheiro por algum motivo e comprei um bonsai, coloquei o dragão debaixo da árvore e será seu habitat.

Mais recentemente, no notebook que uso para trabalhar havia uma foto da janela de um submarino, vendo através dessa janela estava a superfície de uma geleira, interpretei essa imagem como o início real do capítulo, o marco da transição. A chegada da pessoa, de um escafandro para a superfície.

Outros símbolos e coisas que aconteceram foi: A leitura do livro “Contos de Fada” de Stephen King, que diz sobre um rapaz que aparentemente (ainda não terminei de ler), está colocado em um conto de fada, por assim dizer. A minha necessidade de continuar minhas histórias já escritas, mais especificamente a história Marcela, que também fala sobre um mundo de fantasia. Sendo Fantasia o nome do mundo do livro Uma História Sem Fim, talvez Marcela seja a construção do meu próprio reino de fantasia, mas esse é um lampejo que fica pra depois. Também quero ler a letra da música The Never Ending Story e ver o que as letras querem me dizer simbolicamente.

Outra coisa importante que me aconteceu foi a cura de uma ferida (sim eu sou dramática), pelo meu cobertor que foi roubado (JUSTAMENTE EM 2022), e daí, a minha vó, recentemente me deu um cobertor do mesmo estilo (basicamente é um cobertor de retalhos de tecido moletinho), minha mãe vai costurar a parte interior com um cobertor de microfibra (rosa ou azul, ainda estou decidindo), para que esse ciclo do cobertor possa ser por fim finalizado.

Um outro simbolismo importante é a questão do meu rosto. Sim, meu rosto, ou ainda, a minha imagem. Ainda vou fazer um post só sobre isso, mas, sinto que ultimamente estou tendo que lidar com a minha autopercepção e problemas de autoimagem que eu provavelmente tenho, como eu me vejo, e como me ver na vida nas mais diversas relações com diferentes perspectivas e conceitos como o gênero feminino, meu cabelo, como eu trato a mim mesma. Etc.

Recentemente estive estudando Lacan e a estrutura da terapia na análise linguística e do discurso. Não sei onde e como isso se relaciona com outras coisas, mas talvez sim (e não, eu não acredito em psicanálise).

Por fim, podemos perceber que o capítulo já está meio estabelecido e por isso, a última coisa que marca esse começo de capítulo é a volta das histórias e da escrita em minha vida. Debaixo d’água não tem como escrever, mas agora já posso.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS

Algumas características que venho percebendo, como se fossem norteadores desse capítulo:

  • O retorno do passado (Manuelita, diário, papéis velhos) - diversas vezes tive contato com coisas do meu passado e isso me mostra como mudei, mas também reflete os contraste da minha nova identidade.

  • Leveza e Graça (nos dois sentidos) - Acho que nesse tópico específico, é que a vida vem pedindo menos preocupação sobre coisas e levar a vida um pouco mais leve, pensando em hábitos e como eu consistentemente ajo diante das minhas circunstâncias.

  • Linguagem - A questão da língua e escrita é um pouco inerente a toda a minha vida, devido minha paixão à letras, palavras, etimologia e etc. Então, nesse caso, é também relevante para o capítulo como essas questões se complexificam na minha vida atual, ou pelo menos, como se aplicam nesse capítulo especificamente.

  • Política e ódio canalizado - Isso é importante, porque no capítulo anterior eu me debrucei bastante e profundamente sobre questões políticas e sociais, e hoje em dia tenho uma postura mais ríspida em relação a isso porque a injustiça desse sistema vigente me traz um tipo de ódio que é tão justificável que consigo canalizar o ódio de outras coisas para o ódio dessas coisas. O que sinceramente não quero mudar, mas quero refletir sobre o impacto que isso traz a minha vida e como isso norteia as minhas ações e valores.

  • Dança - nem sei porque coloquei isso aqui, mas vou deixar. Um dia talvez eu saiba.

  • Autoimagem - Como já dito anteriormente, esse é um fator importante nesse capítulo porque é algo que emergiu como uma necessidade de investigação e reflexão também.

VISUAL BOARDING

Em um determinado momento recente da minha vida fiz um Visual Boarding. Cada símbolo colocado no visual boarding (quadro visual?) tem seu significado. Acredito que ficaria muito longo se eu explicasse cada um então vou fazer um post só sobre isso também kkkkkkkk.

CONCLUSÃO.

A vida como capítulos não fala sobre passividade diante dos fatos, mas sobre aceitar seu lugar no mundo e o lugar da fantasia em si (mim). A lógica formal nos aprisiona em uns e zeros quando há uma infinidade de outros números, apesar de, por um lado, tudo que há é átomos e vazio, separar a existência pela dualidade não a explica em sua complexidade. (Vou fazer um post só sobre isso também).

O IMPACTO DO NÃO DITO

  • Obviamente fatos foram omitidos na escrita desse post, primeiro para preservar certas identidades, mas também para preservar a minha própria história e estrutura como sujeito. Não há em ninguém transparência, diria que somos mais translúcidos, parte se revela, parte se esconde. (Devo escrever só sobre isso também), mas isso é belo. O mistério irrevelável que há em cada um de nós, demarca a impossibilidade da dissolução completa do eu a menos que eu me esqueça (ou morra). O que eu quero dizer com isso é que eu nunca serei completamente vista e também não verei completamente o outro. Essa ideia pode trazer tanto angústia quanto alívio e eu realmente preciso escrever mais sobre isso.

  • Algumas coisas seguem a ideia de “páginas rasgadas”, mas ainda que páginas sejam rasgadas, haverá o vazio que a página rasgada deixada pra trás nos mostra. E isso não é necessariamente saudade. Mas é o conceito de vazio que possui fronteiras, o vazio só é vazio porque há a possibilidade de ser preenchido, não é? No caso dessas páginas que são rasgadas, o vazio é automaticamente preenchido pelas memórias que são negadas, mas que ainda impactam e orientam minha ação. Isso é, ainda que algumas coisas sejam omitidas enquanto eu narro as experiências, o próprio ato de esconder não é uma inação, pelo contrário, é uma ação negativa, um bloco de ação oco na construção da minha história. No entanto, apesar disso, enquanto não houver o pleno esquecimento dessas páginas (de capítulos anteriores provavelmente), elas ainda serão parte da história. E assim devem ser. Ainda que escondidas, não reveladas, os segredos e mistérios também constroem o corpo da história. Mas como esses espaços rabiscados, hachurados e por vezes rasgados impactam o próprio desenrolar da história?

  • Na verdade, a própria tentativa de negação de partes da história é um sinal de que há algo nessa parte que o personagem (eu), não está pronto para revelar mas que invariavelmente será necessário lidar com isso em algum momento. Ou seja, a narrativa se desenrola a partir do contraste, tanto do que é revelado quanto do que não é (voluntariamente ou involuntariamente, conscientemente ou não). Assim, ao mesmo tempo em que sou personagem, sou leitora da minha própria história a medida em que reflito sobre o que eu faço. Muitas pessoas passam a vida toda sem ter o privilégio de se ler. E digo LER e não ver, porque nos vemos o tempo todo, mas a leitura pressupõe elaboração linguística. E pela elaboração linguística podemos nos conhecer (será que devo estudar mais Lacan ou é loucura?). Em outras palavras, enfim, essas lacunas presentes na minha história, sejam essas lacunas intencionais ou não, fazem parte da própria estrutura da história como narrativa, como história e não como inexistência, porque o vazio é diferente de inexistência.

  • Nem sei o que escrevi acima kkkkk mas beleza. Um dia releio

















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