As minhas contradições - Parte II - A série
- Mar
- 1 de mai.
- 5 min de leitura
O post anterior foi escrito rapidamente e sem reflexão profunda sobre as contradições, então pensei: bom, seria interessante que cada uma das minhas contradições fossem exploradas em posts separados, assim eu poderia refletir sobre cada uma delas e construir uma opinião para elas e além disso pensar em como viver melhor e ter uma série de conteúdos infinitos aqui, simplesmente porque contradições são partes de mim.

Há também outras novas contradições, além das colocadas no post, como "aceitação x mudança" e "ação e inação".
Toda essa questão das contradições e atritos internos me lembra da famigerada frase do gênio Mário Benedetti "Quando encontrei todas as respostas, percebi que mudaram todas as perguntas." ou algo assim. Existe uma poesia muito bela nessa frase: a mudança que ocorre enquanto descobrimos as respostas. Talvez nossas perguntas, partindo dessa lógica, nunca sejam de fato respondidas, porque ao entrarmos em contato com as respostas e assimila-las já não somos os mesmos que as perguntou.
E ao refletir sobre isso, me pergunto, quantas perguntas deixamos de perguntar, por medo de não termos as respostas, ou ainda, por medo da resposta propriamente ditas. Mas ao mesmo tempo (talvez esse post esteja se transformando para ser uma reflexão sobre a própria qualidade das perguntas. Se é isso que temos por hoje, então vamos:
As Perguntas - As precursoras da contradição
As perguntas nos revelam caminhos e as respostas são a caminhada, talvez seja por isso que nos transformamos a medida em que as respondemos, porque respostas são processos.
Voltando ao assunto anterior, vou fazer uma pequena linha de raciocínio aqui para que eu consiga "responder" todas minhas indagações e fazer um percurso de reflexão que contemple o que eu quero falar.
As perguntas como precursoras da contradição. - falado
A resistência à pergunta. - falado
A criança sem resposta. - falado
O medo da resposta. - falado
Preparado para a resposta? - falado
Ok, como nosso post é sobre contradição, nada melhor do que pensar nas perguntas como precursoras da contradição. Assim como o medo é o precursor da coragem (Valeu, Blink!), as perguntas são precursoras da contradição, simplesmente porque as revelam. Ao nos perguntarmos alguma coisa, entramos em contato com o contraste e as vezes pode se desenrolar como uma contradição, ou melhor seria, se enrolar como uma contradição, podendo ou não se desenrolar para uma reflexão.
Isso me faz pensar na etimologia da palavra contradição. Seria Contra - Dição? No sentido de ir contra o que é dito, OU, dição tem o sentido de duo, então seria Contra Di (como dois) e ção como o sufixo substantivar. Poderia ainda ser Con - tradição, como algo que vai de encontro com as tradições em voga. Então possivelmente a palavra contradição significa essas coisas. Essa reflexão é um exemplo desse processo, em que as perguntas revelam caminhos.
O primeiro caminho para a etimologia seria Contra mais Dição, em que dição seria dizer.
O segundo seria Contra mais Di (dois) e ção de sufixo substantivar. Duas ideias uma contra a outra.
E por fim o terceiro seria Con mais Tradição, como algo que causa uma disruptura com as tradições.
Agora com as hipóteses, podemos pesquisar kkkk
E contradição é de CONTRADICERE, “negar, disputar, discrepar”, de CONTRA, “contra”, mais DICTUS, particípio passado de DICERE, “dizer”.
Resumindo, o primeiro caminho estava certo, mas era fácil de perceber se eu tivesse simplesmente pensado em "contradizer" aiaiaiiaiaia.
Então contradição vem da negação de algo dito. No fim, as três hipóteses tinham em si algo de verdadeiro, talvez isso seja algo comum das contradições, um elemento de verdade (ou de afeto?) nas ideias que se contradizem, e a habilidade está justamente em filtrar o que manter até ter algo TERCEIRO, ou uma das ideias atualizadas com os elementos importantes da outra. E assim aprendemos a lidar com a contradição (será?)
A resposta é muitas vezes menos importante do que a pergunta, mas nem sempre. A depender da projeção do impacto da resposta podemos ter uma resistência ao simples ato de perguntar. (Isso também está relacionado em como, na nossa história de vida, reagiram às nossas perguntas).
A RESISTÊNCIA À PERGUNTA E O MEDO DA RESPOSTA
Podemos resistir à perguntas por vários motivos, hoje quero falar de algum deles e como a projeção do impacto da resposta está relacionada a isso.
Podemos resistir à perguntas por vários motivos, hoje quero falar de algum deles e como a projeção do impacto da resposta está relacionada a isso.
Na nossa história de vida construímos uma relação com as perguntas, nas quais podemos ser punidos, reforçados, motivados, inspirados a depender de quem perguntamos e do tipo de pergunta também. Então a medida em que crescemos, essa relação se intensifica e cristaliza em um conjunto de comportamentos que compõe o nosso “padrão comportamental” na relação entre sujeito-perguntas.
Já que, geralmente, quando somos crianças, é construído um valor para o ato de perguntar para uma criança, portanto há uma grande importância em ouvir a pergunta de uma criança, ainda que não se saiba da resposta, mas como uma estimulação ao próprio ato de perguntar. Além de que, não saber de tudo, permite a criança entrar em contato mais gradualmente com a imperfeição dos pais e lidar melhor com o fato dos pais não saberem de tudo e a “lida” do próprio desconhecido, no geral. E por fim, também colabora para um incentivo à busca pelas respostas.
Em outras relações, o medo da resposta do outro pode nos impedir de perguntar (ou agir em direção a algo) simplesmente porque não sabemos o que vai ser gerado e quais serão as consequências.
DICA: só pergunte algo para alguém quando estiver preparado para a resposta (ou será que não?).
Nem sempre, porque as vezes esse medo pode nos impedir de alcançar coisas muito boas nessa vida. Porém tudo é uma questão contextual.
A CRIANÇA SEM RESPOSTA
Voltando ao raciocínio de que nunca somos respondidos de fato porque ao entendermos a resposta não somos os mesmos que perguntamos, reflito sobre o sentimento da criança sem resposta e também do que somos nós. Obviamente essa frase é uma exageração, já que a nossa história nos permite olhar para trás e entender a pergunta e a resposta e tals e somos a mesma pessoa, claro, mas é interessante refletir por esse lado porque me faz imaginar uma criança pequena, com tantas dúvidas, ainda hoje, em algum lugar do passado e essa criança, hoje já adulta, em algum lugar do presente, que seria perfeita para responder justamente as indagações infantis sem respostas que o eu-passado perguntou. Se tudo fosse customizável, inclusive o tempo, eu iria querer encontrar com meu eu do passado, só para ver a reação dela com todas as respostas que eu trago em mim hoje.
UMA PERGUNTA QUE FICA
Vale a pena integrar as contradições ou há uma beleza na concomitância?
Talvez haja uma beleza na concomitância que vale a pena ser explorada e permanecer nessa concomitância por um tempo pode ser muito valioso, porque contradição carrega uma carga energética emocional grande, ao integrá-la, essa carga emocional se dissipa e outras contradições surgem, mas ao permanecer na contradição por um tempo podemos usar essa carga emocional para criar, literalmente, qualquer coisa. Podemos criar arte, ódio, amor, as contradições nos movem e com elas, podemos criar. Então, como conclusão, permanecer na contradição é útil, mas estagnar na contradição não, porque limita nosso poder de desenvolvimento. Uma outra habilidade ao lidar com contradições está em perceber quando é a hora de parar com ela :), porque como dito anteriormente, as contradições surgem, como flores em um jardim e ao integrarmos e lidarmos com as contradições podemos abrir espaço para que MAIS surjam e continuemos o ciclo infinito da vida até a morte.
Já mais duas contradições para a lista.
Morte e Renascimento
Contradição e Estagnação
Então finalizo aqui o primeiro (de muitos) "episódios" da série "Contradições".
É ISSO, ATÉ MAISSSSS!
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