Os Capítulos da Minha Vida
- Mar
- 11 de mar.
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Interpretando a vida como capítulos.
Faz pouco tempo que comecei a interpretar minha vida através de capítulos, então muitos capítulos se perderam ao longo do caminho e eu não pude lê-los da forma que eu gostaria. Mas isso não importa. O primeiro capítulo, isso é, o mais velho dos mais recentes, que lembro é "Astrodancer" ou "Astrodançarina", em português. Depois veio o Escafandro, aquelas roupas de mergulho antigas. E agora estou começando um novo capítulo. Por enquanto ele se chama Aterrar, ou "Grounding" em inglês. Mas não tenho certeza se ficará dessa forma, se ele tivesse um subtítulo seria chamado "Dançando com Dragões".
Antes de eu falar de cada um desses Capítulos, preciso explicar o que "capítulos" significam. É simples, na verdade, é basicamente uma divisão temporal da vida que não segue as divisões temporais socialmente convencionadas, ou seja, não é uma divisão da minha vida que leva dias, anos ou semanas, pois leva em conta os acontecimentos gerais e o modo como estou na vida.

Símbolos
Todos os capítulos da minha vida possuem uma simbologia própria daquele capítulo, assim como seu nome. Não consigo dizer com precisão como os símbolos são definidos, mas a partir do momento em que os símbolos são adicionados à história, eles se repetem e orientam a ação do personagem ao longo do capítulo (no caso, eu sou a personagem). E esses símbolos simplesmente aparecem ao longo da minha vida e eu capto eles com intuição, é como se eu reconhecesse sua importância apenas com o coração.
Nome
O nome do capítulo também é bem subjetivo. E geralmente aparece para mim. Não é uma coisa que se explica com lógica, é preciso uma sensibilidade artística e intuitiva para sentir o nome. Geralmente o nome reflete a natureza daquele capítulo e tudo que vou encontrar por ali.
Princípio da Transição

Todo capítulo tem um começo, meio e fim, mas isso não significa que eles são extremamente bem definidos tal qual um capítulo de um livro, até porque uma história de vida é bem maior e tem mais facetas, sendo também mais complexa. Um livro geralmente tem uma linha narrativa mais definida, enquanto que aqui, as coisas são mais graduais.
Os Capítulos
Há mais capítulos anteriores, porém não lembro. Mas mesmo assim, todas essas partes compõe a história da minha vida, que em certa medida, compõe a grande história da humanidade, que por sua vez, compõe a grande história do universo.
Astrodançarina - Astrodancer
Eu devia ter mais ou menos uns 17 anos quando esse capítulo começou, era um capítulo mais marcado pela inocência, pelo planejamento mais sonhador, uma sensação de explorar o desconhecido e o espaço, voar. Para explorar os símbolos desse capítulo temos que lembrar da Astrodançarina propriamente dita. Essa é uma personagem que criei que era uma astronauta (por isso não era possível ver seu rosto), que usava um vestido vermelho curto e esvoaçante com babados de tule e seda/cetim brilhante (na verdade o modelo do vestido pode ter alguma variação). Ela explorava o universo e planetas, encontrava seres das mais variadas formas e jeitos, e ao mesmo tempo, se mantinha distante, pois só assim poderia respirar (por isso usava o capacete). Nesse capítulo conheci algumas pessoas e pensei bastante sobre histórias, artes e também escrevi uma história. Penso sobre postá-la aqui também, mas não sei. Mas na verdade, não sinto que aproveitei tão bem esse capítulo quanto poderia. Me perdi nos compassos da dança e me preocupei demais em quem dançaria comigo do que com a música de fato. Mesmo assim agradeço bastante a esse momento, porque ainda sinto as batidas do coração da Astrodançarina dentro de mim e também sinto que em algum momento terei de dar ouvidos a ela outra vez e escrever as histórias que ela apenas pensou. Esse capítulo também foquei bastante no inglês, talvez até por isso tenha um título equivalente em inglês.
Não tenho tanto pra falar desse capítulo porque já faz um tempo. Mas de fato foi bastante interessante e eu até poderia escrever mais, mas sinto que essa personagem ainda voltará, então vou esperá-la.
Escafandro

Esse capítulo por sua vez é marcado pelo mergulho em águas profundas, ou seja, um grande salto em queda livre em direção ao fundo do oceano. Para 1 resgatar meu coração (isso é, as emoções que deixei de lado muito antes). Um lampejo que tive enquanto escrevia isso é que o motivo pelo qual eu não aproveitei tanto o capítulo Astrodançarina foi porque eu ainda não tinha resgatado meu coração e usava a lógica como bloqueio das sensações. Assim, era um pouco complicado porque eu ficava intelectualizando as coisas que só deveriam ser sentidas. E sentia as coisas que deveriam ser intelectualizadas. Mas o capítulo escafandro foi um pouco diferente.
Ah sim, continuando... O mergulho em águas profundas foi feito com duas intenções primordiais, o primeiro, como eu disse "Resgatar meu coração". Esse nome tem a ver com uma poesia que escrevi quando era pequena e que me assombra até hoje, talvez porque eu sou um pouco apegada com palavras. No final do poema, o eu-lírico diz "joguei meu coração ao mar e ele nunca mais amou". E ainda que eu não tenha endereçado esse poema à ninguém propriamente dito, essas palavras me assombram porque é um pouco fatalista demais pensar em jogar o coração ao mar e nunca mais amar. Lembro que uma das inspirações para esse poema era uma musica que dizia "você pulou do barco e se afogou, eu fiquei com as sereias" e acho que de certa formas as coisas estão relacionadas, por isso o resgate do coração tem esse nome, por ser um resgate do próprio eu lírico sofrendo num passado distante por alguém que o abandonou. Então é como desatar um nó no passado. Um nó náutico.
A segunda razão pela qual eu passei pelo processo "Escafandro" foi uma necessidade de saber o que está por trás das minhas atitudes, como se todas as minhas tristezas, mágoas (ou máguas?) fossem resgatadas também do fundo do oceano. Foi um capítulo mais curto, de uns 8-10 meses mais ou menos. Mas também foi um capítulo extremamente difícil, com muitas coisas refletidas, muita ansiedade, muito desespero, muita dor revelada.
Quanto à simbologia, o esconder do rosto permanece, tal qual o capítulo anterior, dessa vez ainda pior, pois a pressão da água pede por roupas mais resistentes. Claro que se fosse no espaço sideral a astrodançarina já estaria morta muito antes, mas é interessante pensar que a pressão nos dois capítulos eram diferentes. Uma era em relação à falta de estrutura e queda das crenças da infância e adolescência, era o idealismo e o sufocamento pela falta de estrutura e o medo de dançar sem palco. Já a segunda pressão era em entrar em contato com partes de mim que eu ignorava. Desejos, medos e anseios profundos sobre a vida e minha experiência que era particularmente doloridos. Em ambos eu não me sentia protegida, mas em um eu me sentia desprotegida pela expansão e o outro pela contração
Para o Escafandro, fiz um quadro visual com as simbologias dispostas. O interessante disso, é que geralmente as simbologias vêm antes (e algumas durante), mas fica a pergunta do que influencia o que, né?
Enfim, o fim do escafandro foi de certa forma gradual, porque eu demorei para entender que já estava no início do capítulo dos dragões.
Aterramento e a Dança dos Dragões
E esse é o capítulo em que eu estou. Por isso vai ganhar um post só pra ele. A escrita já está em andamento. Mas basicamente ele representa a saída do mergulho, chegar na terra e lidar com todos os itens que encontrei lá embaixo, na superfície. É como se tudo que eu descobri sobre mim mesma durante o capítulo de Escafandro viesse à tona iluminado agora.
OUTRA IMAGEM

Se combinássemos os dois últimos capítulos da minha vida, seria algo mais ou menos assim. Talvez um dia a nossa astrodancer pode se tornar amiga dos golfinhos.
Bom, por hoje é só! Logo teremos mais um post explicando direitinho o capítulo que vivo atualmente.
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