top of page

A Autoescola e o Dirigir

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • 28 de out. de 2024
  • 4 min de leitura

ree


Esses dois primeiros parágrafos são opcionais.

Na palavra autoescola há uma brecha para a interpretação do prefixo auto como uma maneira de dizer que é uma escola em que você ensina a si mesmo, uma autoescola, assim como uma pessoa autodidata, aprende (através de uma escola própria) algo. Mas de fato a palavra não faria sentido nessas condições porque as instituições não podem ser autodirigidas, há sempre uma coletividade imputada em uma instituição, seja ela direta ou indiretamente responsável pela existência da instituição de fato.

Mas isso não tem nada a ver com o que eu quero dizer, já que autoescola de fato não tem a ver com uma instituição imputada por e para si mesmo para aprender algo, e sim com uma instituição que teoricamente se dispõe dos meios para ensinar uma pessoa a dirigir um veículo motorizado.

Porém, em forma de desabafo até, entendo que o Dirigir, na autoescola não é o motor principal (perdoe os trocadilhos) para a sustentabilidade da instituição. O que quero dizer com isso? A autoescola deixa de lado o dirigir de fato e se coloca como mais um local onde o ensino se torna o mediador de outros interesses. Conto abaixo um pouco mais sobre a minha experiência sobre "tirar a CNH".

É óbvio, o aluno tem o interesse de aprender a dirigir, de pegar a permissão para dirigir, de adquirir um meio de acesso para outros lugares, e com isso deve pagar a autoescola e o instrutor com o dinheiro. Do ponto de vista da autoescola porém, há interesses contraditórios pela própria maneira de construção do conhecimento Dirigir e de como as instituições funcionam.

Se o interesse do aluno é visível, o da autoescola por outro lado não. Além de um desbalanço entre os poderes que se concentram (assim como a maior parte das coisas hoje em dia) no fator monetário do negócio.

Se um aluno não passa no exame prático, há uma taxa para que ele pague ainda que a autoescola, em teoria, é a responsável pela aprendizagem do aluno. Então, como garantir que a autoescola ensine o aluno e forneça um serviço de qualidade quando a reprova do aluno significa mais dinheiro, lucro, ou de certa forma, um reforçador?

ree

É complicado...

Na verdade isso pode trazer outros questionamentos de como as coisas funcionam quando o lucro é o principal fator de troca e não o produto do trabalho em si.

A complicação vem justamente da vantagem em que a autoescola possui ao reprovar um aluno por cobrar uma taxa que ultrapassa em 700% a taxa do órgão oficial de trânsito. Esse tipo de prática é extremamente prejudicial para o aluno (no caso, eu haha!), simplesmente porque cria um ambiente de pressão que prejudica a aprendizagem e transforma o "aprender a dirigir" em uma função protocolar de "preciso passar nesse exame".

Outra questão importante é o TEMPO, por haver um tempo limite de 12 meses para concluir o processo, o foco na necessidade de "passar no exame" surpassa a necessidade de "preciso aprender a dirigir" e sinceramente isso é péssimo, tanto para o aluno quanto para a dinâmica do trânsito no geral, isso porque geralmente a pessoa aprende a dirigir apenas depois de passar no exame.

Sem contar com as respostas emocionais causadas por essa complicação. A autoescola, ao meu ver, deveria receber punições ao longo de sua atuação se tiverem muitas reprovações, o que garantiria um maior aproveitamento do serviço, e os professores que passarem seus alunos de primeira, deveriam ganhar um bônus. para que assim se sintam motivados a realmente trabalhar.

Se um aluno aprende toda a prática nas aulas, sem contratar aulas extras (que são geralmente caras), o professor deixa de ganhar esse valor, o que significa que não há vantagem direta em fazer com que o aluno passe no exame. Na verdade, a desvantagem é ainda maior. Pela lógica, é mais interessante que um aluno não passe no exame do que um aluno passar.

ree

Por isso, tirar a carta é um processo cruel, pois o "aprender a dirigir" é secundário no que diz respeito ao processo e a relação com a autoescola, mas independente de qualquer coisa, é um processo que eu escolhi fazer e que o mais importante, nesse caso, é aprender o suficiente para passar no exame, já que a partir daí, eu consigo minha permissão para dirigir e posso de fato focar em aprender, sem os estressores (idealmente desnecessários) que existem.

Num mundo ideal, não teria limite de tempo para que a pessoa aprendesse a dirigir, visto que o que conta é se ela está apta a passar no exame. Para garantir que o exame médico e psicológico estejam corretos, estes poderiam ter um prazo de validade.

Num mundo ideal haveria um limite para o preço do reteste, que incluiria o valor da diária do profissional de forma coletiva, isso é, dividida por todos os alunos que farão o exame, além da taxa principal ser paga diretamente no Detran, e o preço seria progressivamente menor.

Num mundo ideal, haveria mais possibilidades de realizar aulas e haveria espaços abertos públicos para aulas em que você faz sem o auxílio de um professor.

Obviamente eu faria outras mudanças mais específicas que tem mais a ver com minha experiência particular, mas que não cabe falar, só cabe quando eu terminar esse processo.

Então, para resumir, o objetivo da autoescola é Ensinar a Dirigir, porém, essa instituição é organizada de uma maneira que o ensinar a dirigir é secundário enquanto que o lucro é o principal, isso causa muitos problemas para os alunos e também para a sociedade no geral com as possíveis "macroconsequências" que isso traz. Então, de certa forma, os alunos são obrigados a aprenderem a passar no exame para assim poderem aprenderem a dirigir.

Sinta-se livre para compartilhar suas experiências com a cnh :)



 
 
 

Comentários


O site está SEMPRE em andamento.  Só acaba quando termina xD

Tesoura

MARESIA

bottom of page