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A morte da língua

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • há 6 dias
  • 52 min de leitura

O tema de hoje é Tradução Automática. SE PREPARE PARA O POST MAIS DIGRESSIVO DO BLOG! Não reli antes de publicar e nem vou.

Vou deixar sugestões de pausas, para que vocês possam ler aos poucos, mas sem perder a linha de raciocínio.

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Já faz um tempinho que não venho aqui com uma reflexão mais longa. Com um adendo: eu não sou linguista, apenas amadora.

Hoje quero falar sobre como a tradução automática está matando a língua espontânea e a maneira como falamos normalmente. Tal como uma IA barata, vou separar inicialmente nos tópicos que quero abordar hoje, e, com isso, vamos aos poucos passo a passo, porque é bastante coisa pela frente.

  • Quero falar sobre o livro o Guia do Mochileiro das Galáxias e sobre como aquele aparelho de tradução simultânea é impossível hoje em dia (e sobre como sempre foi apenas utopia).

  • Quero falar sobre impacto e a língua, como uma mesma palavra impacta de forma diferente as pessoas e, na tradução, essa nuance é perdida.

  • Como o google tradutor pode ser perigoso, ou até mesmo ias.

  • Faixas de áudio automáticas no youtube. Voz de IA.

  • Sites de saúde estadounidenses traduzidos automaticamente.

  • Quero falar sobre a contradição entre o acesso à informação traduzida e a falta de tato em diferentes línguas.

  • Quero falar sobre a problemática de traduzir automaticamente sem considerar história, cultura e contexto e por fim quero falar sobre massificação de pensamentos.

  • Sobre a beleza do criativo e a redução de neologismos brasileiros.

  • Também quero falar sobre trabalho, exploração, substituição de mão-de-obra de tradutores e aceleramento acrítico do tempo.

  • E se der, quero falar sobre a qualidade das bases de dados utilizadas para tradução e o empobrecimento de vocabulário que tudo isso causa.

  • O fim da estrutura flexível da língua? Também é algo que quero falar.

  • Também quero falar sobre a Torre de Babel, e como historicamente temos respostas para a diferença das línguas

  • Também falar sobre a Pedra Roseta (se der tempo, na verdade tempo sempre dá, porque tenho tempo ilimitado (dentro das limitações da vida) para fazer esse post, não tem prazo kk).

Tudo isso acima quero abordar ainda nesse post, o que significa que vai ser um post longo. Porém, também quero fazer uma lista de posts que posso fazer um pouco mais pra frente, que são relacionados com as ideias que tenho mas quero colocá-los em outros posts, isso porque são indiretamente relacionados a esse post ou porque quero explorá-los com mais calma.

Posts futuros: (uma breve antecipação e revelação do que vem aí futuramente).

  • Tradução e Poesia Chinesa (a questão da literalidade).

  • Separação de sílabas e poesia não-erudita (rap, slam, cordel, versos livres)

Isso mesmo, temos MUITOS assuntos para falar e vamos destrinchando-os um de cada vez.


MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS

Vamos começar com o Guia do Mochileiro das Galáxias.

Para quem não conhece o livro ou o filme, prometo que não vou estragar a surpresa e falar pontos importantes do roteiro. Na verdade, quero me ater à apenas uma coisinha em toda a história desse livro/filme: o peixe que traduz tudo. Se o segredo do universo é 42, então o método pra chegar lá é utilizar o peixe que traduz tudo para poder, de alguma maneira, entender o que isso quer dizer. Brincadeiras à parte, o livro tem um mecanismo que você coloca na orelha e a partir daí, todas as línguas são traduzidas e entendidas sem nenhum problema. Isso abre margem para a pergunta: como os aspectos culturais foram considerados por esse peixe que tudo traduz? Óbviamente não foi, e justamente por se tratar de uma ficção, nos colocamos como seres desejantes desse pequeno mecanismo que abriria tantas possibilidades para nos conectarmos às pessoas e até mesmo de forma utópica, nos relacionarmos com as pessoas de forma mais profunda. Mas além dessas perguntas iniciais, fico pensando em duas coisas. A primeira é que estamos criando uma espécie de peixe que tudo traduz com as IAS ou os softwares de tradução automática. E a segunda, o que nem vou explorar tanto hoje, é que, se esse peixe que tudo traduz, traduz de fato tudo, como ele traduziria "I love you" para o espanhol que tem duas formas de dizer isso? Será que lê pensamentos e sentimentos e é tão eficiente e eficaz que traduz as duas coisas? Porque língua não é só palavra, é cultura, sentimento e experiência pessoal. Sobre a primeira coisa, vou desenvolver mais pra frente, sobre a segunda, vou falar um pouquinho ali no capítulo do impacto, mas também vou falar mais pra frente sobre isso.



IMPACTO

Agora vamos para o segundo assunto, IMPACTO. Eu quero fazer um post só sobre IMPACTO, mas hoje quero falar sobre impacto especificamente no contexto de intercâmbio de línguas e também no contexto de tradução automática e coexistência digital, que se espalha para o real, das diversas línguas. O primeiro exemplo que eu quero dar tem relação com a Ku Klux Klan, sim, parece um exagero falar disso, mas é apenas uma coisa interessante de se pensar. No Brasil usamos KKK como uma das opções de expressar riso, a história por trás do kkk é de uma onomatopéia antiga, que expressava gargalhadas "quiá quiá quiá quiá" e que ao longo do tempo, nos meios digitais, se tornou kkk, ou kkkk, ou kkkkkkk, ou ainda KAKAKAKA, e se você estiver um pouco risonho além da conta, pode dizer kasj´fsdiokdjkaskfsndkaskk. O fato é que no contexto brasileiro, kkk não carrega em sua história o mesmo peso simbólico e social que KKK nos EUA por exemplo (ou ao redor do mundo, de forma geral) carrega. É um fato. É claro que aqui, sabemos da existência de kkk, e de seus estragos, infelizmente. Mas o fato é que kkk é apenas uma risada fraca, por aqui. Esse exemplo é um exemplo simples, mas ilustra bem a questão do contexto. O mesmo símbolo, com diferentes conotações. E tem infinitos outros exemplos que podem ser citados. Além disso a questão do impacto não se limita apenas à coisas mais extremas, mas na nuance do dia a dia e nas interações. Um exemplo disso é sobre a palavra "mimada" em inglês, que pode ser traduzida de diversas maneiras e uma delas é "spoiled" e outra "pampered". Quando uma pessoa nativa em inglês diz que é "spoiled", significa que é mimada em um sentido mais material, ou seja, com presentes, dinheiro, itens de consumo. A palavra pampered, por outro lado, significa ser mimada em um sentido de cuidado (um exemplo dessa palavra em outro contexto é a fralda Pampers), ou seja, não está diretamente relacionado à mimos materiais. Agora, quando falamos em português a palavra mimada, ela carrega em si vários sentidos que não se limitam apenas à mimos materiais, ou mimos de cuidado. Além disso, é preciso considerar que uma outra possibilidade para a tradução da palavra "spoiled" é "estragada", ou seja, uma conotação negativa. Assim, ao pensarmos em tradução por exemplo, uma pessoa no Brasil pode erroneamente transmitir uma ideia de materialista por traduzir equivocadamente "mimada" por "spoiled" em uma situação na qual quer expressar como quer ser tratada em um relacionamento. Em português a palavra mimada também pode carregar aspectos negativos, mas não se limita apenas a isso. Como criança mimada, geralmente é vista com mal olhos, mas dizer "sou muito mimada pelo meu parceiro" é visto com bons olhos e o conteúdo da palavra mimada apresenta não somente um teor material, mas também diferentes tipos de cuidado imbuídos na mesma palavra.

Vou fazer um diagrama para explicar visualmente.

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Uma coisa engraçada que pensei agora é que a palavra MIMADA é composta por uma sucessão dupla de M, que é, pela linguística, uma letra que possui uma simplicidade articulatória, o que acontece por exemplo com as letras P e B também, por isso geralmente temos mamãe como mãe, e papai como pai, e bebê, geralmente como bebê, porque essas palavras são biologicamente mais fáceis de pronunciar, mas obviamente isso não é regra, só é interessante que Pampered também segue a mesma lógica da sucessão dupla de P. O que isso significa? nada necessariamente, só me faz pensar mesmo que ambas tem a ver com cuidado.

Ok continuemos. O diagrama acima foi desenhado pra mostrar onde cada palavra se encontraria se o campo semântico tivesse fronteiras bem definidas. Sabemos que a língua não possui fronteiras bem definidas, mas vamos fazer esse movimento didaticamente, para explicar essas distinções.

A palavra MIMADA carrega em si ambos os significados AO MESMO TEMPO, enquanto que em inglês, utilizar uma ou a outra denota uma tendência específica de sentido. Ainda que o significado seja intercambiável em algumas situações, não será assim em todas, por isso tradução literal sem um trabalho árduo de busca por sentido, é uma redução perigosíssima da língua, tanto em um campo individual quanto em um campo mais coletivo também. E isso se relaciona em todos os sentidos com a palavra IMPACTO, porque é justamente buscando um sentido mais amplo ou mais específico a depender do caso, é possível fazer as escolhas corretas no impacto que é interessante de acontecer em uma tradução. Por isso é necessário não apenas estudar a língua que vai ser para ela traduzida, mas a própria língua que será traduzida, para que ao estudar em profundidade ambas, seja possível traduzir não apenas de forma literal, mas que carregue as intenções, e se possível marcadores experienciais da língua ou do emissor.

Mas não é um trabalho simples, e esse exemplo é interessante. Vamos para mais uma camada dessa reflexão.

Maria diz "Eu sou MIMADA pela minha família", e assim é traduzido como "I am SPOILED by my family", quando isso acontece, o impacto das duas frases é diferente. Em português o cuidado também pode estar imbuído na palavra, enquanto que em inglês a palavra se inclina para (além de uma conotação negativa), uma ideia de falta de autonomia, sufocamento. Em português isso também pode acontecer, mas é importante entender que não é uma sentença, apesar de ser tudo arbitrariamente definido pelo contexto social, as nuances da língua podem ser perdidas em uma tradução descuidada, ou até mesmo no próprio processo da tradução invariavelmente pela ausência de uma palavra que represente várias coisas. E eu ainda nem comecei a falar de poesia. E isso me faz pensar, quanto de significado é perdido? Que tristeza.

Ok, acredito que falei o suficiente sobre IMPACTO. Ainda quero fazer um post só sobre IMPACTO da tradução/adaptação em músicas.


SUGESTÃO DE PAUSA


GOOGLE TRADUTOR, IAs,

Bom, agora que falamos sobre impacto, podemos falar sobre um mecanismo vigente e de certa forma muito útil, o google tradutor! O google tradutor, nos permite que aceleremos a tradução de um texto e rapidamente a entendamos. O dicionário parece até um pouco desnecessário nessa dinâmica, já que o software te dá o texto completo. Ok e qual o problema disso? Por que ele está sendo ponto de reflexão hoje? Bom, de forma geral, é inegável que o Google tradutor é uma ferramenta extremamente poderosa, e que facilita muito o acesso à informação, mas o quanto esse acesso à informação mata a nuance? Quando falamos de google tradutor, ou até mesmo de IAs, o mais importante a ser traduzido é o cerne da informação. Ou seja, o mais importante ali é a equivalência semântica de uma frase em uma determinada língua X para uma determinada língua Y. Porém, a estrutura da língua não é apenas semântica, mas uma correlação sistemática de conjuntos morfológicos com, inclusive diversas funções de linguagem. O foco não é muito sobre as funções da linguagem, então vamos focar em outras partes da linguagem. Lembrando que uma língua segue algumas determinações linguísticas, mas é única em suas próprias características históricas e sociais.

Peguemos o exemplo de escrever uma poesia (vou fazer o post da poesia chinesa, mas vamos dar uma olhadinha nesse exemplo de forma mais superficial).

Em uma poesia, escrevo pensando (conscientemente ou não) em diferentes aspectos da língua na qual escrevo o poema e direi como alguns desses aspectos são esquecidos ou desconsiderados pelo google tradutor ou IA. Sendo esses:

A fonética e a fonologia, ou seja, como as palavras soam em uma determinada língua, como as rimas por exemplo, ou simplesmente a maneira em que uma palavra existe no campo auditivo da língua e seus padrões. Como a palavra Azul traz uma sensação, ou a palavra coração, que rima com não, mas "heart" não rima com "no". No entanto, o google tradutor, ou a IA, prioriza a informação mais do que a fonética e a fonologia. Deixo a reflexão no impacto que isso causa também na pessoa que vai ler um poema traduzido.

Me lembro do poema do corvo, que foi lindamente traduzido pelos tradutores e que também tiveram um cuidado ao pensar no impacto da língua. Ainda escuto o nunca mais na minha cabeça. Vou falar sobre o trabalho dos tradutores também.

Além disso, outro aspecto que as vezes é ignorado pelo google tradutor ou pela ia, ainda no exemplo da poesia, é a sintaxe e a estilística, basicamente a maneira como a língua é posicionada em uma determinada forma.

Um outro detalhe, realmente esquecido, na tradução automática, para além da nuance social é a polissemia das palavras, que já expliquei no caso da palavra "mimada", que existe uma palavra que compila em si diversos significados que são traduzidos em outras linguas com palavras diferentes. Porém esse exemplo carrega em si significados ainda assim muito próximos, porém quando falamos de polissemia, queremos falar também de significados distantes. Por exemplo a palavra "manga" em português, pode ser tanto referente à fruta, quanto à parte que cobre o braço em uma camiseta. Então, diferente da palavra MIMADA que é uma polissemia sutil, essa outra é uma polissemia mais contrastante. Outro exemplo é a palavra "como" que pode se referir ao verbo comer "eu como" quanto à preposição/advérbio como (que por si só tem alguns outros significados). Na verdade, parando pra pensar, todas as palavras ao serem traduzidas podem possuir um caráter polissêmico pensando nessas questões. Eu quero fazer um mapa semântico poético.

Ok, conseguimos perceber que existem muitos aspectos que são negligenciados por uma IA ao traduzir um texto. Mas o que fica de bom então?

Os aspectos relevantes que o Google Tradutor nos permite conhecer é justamente a informação (ainda que a mensagem seja invariavelmente limitada), podemos ter contato RÁPIDO com informações antes de impossíveis acesso, e isso é interessante.


FAIXAS DE ÁUDIO

Sobre essa questão tenho três. O primeiro não é meu, mas é de um post que vi no Twitter, de um youtuber que ativou essa faixa de áudio automática, e uma forma de falar comum à uma região aqui, foi traduzida em inglês para uma forma extremamente pejorativa da palavra. Isso é perigoso, além de dar a impressão errada do youtuber, ainda silencia regionalismos. Ou além disso, dessensibiliza também para esses termos que realmente são pejorativos em outra lingua.

A segunda vez que eu tive contato com isso foi ao mostrar para um amigo meu que é estrangeiro um vídeo de clash royale, mostrando como eu gostava do sotaque e da velocidade na qual ele falava. Porém, estranhamente, ele me disse "ele fala como um americano normal", e eu pensei "ué?". Daí que percebi que estava com uma faixa de áudio diferente, pedi para que ele tirasse, e daí ele entendeu o que eu disse.

A última vez, e sinceramente a pior, ou pelo menos a vez que me irritou mais, foi a vez em que eu estava pra assistir um video de The Sims e simplesmente não conseguia ouvir a voz original da youtuber. Eu uso um youtube pirata que me permite assistir sem anúncios, mas daí, eu não conseguia tirar a bendita voz de IA. Depois eu consegui, tirar a bendita voz de IA e escutar de FATO a emoção da pessoa.

Ok, é justamente sobre a voz de IA que eu quero falar. Sinceramente acho que essa ideia de faixa de áudio é muito interessante e legal, principalmente para grandes youtubers, ou se eu fosse uma youtuber, seria legal para que eu pudesse treinar idiomas e tals. O meu grande problema é com a voz de IA.

E por quê? Porque a voz de IA é uma representação vazia de um ser humano real, é como se fosse a morte dos afetos onde só o que permanece é a informação (e muitas vezes nem a informação de fato). O que mais me irrita em voz de IA é que ela não mata apenas as emoções mas também mata a história, porque não se adapta à sotaques, contextos , história. Nesse sentido, é melhor sem faixa de áudio, porque a perda é muito grande. As legendas, nesse caso são melhores.

Mas aí alguém pode falar, qual a diferença para uma dublagem? Você assiste filme dublado e não está reclamando. Primeiro que a dublagem é feita por humanos, tem um estudo de impacto e localização, diferente de uma IA que poderia falar sobre um decreto de guerra e maneiras de cuidar de seu gatinho com a mesma entonação e segundo que a dublagem tem emoção. E é trabalho..

Ok, agora quero falar um pouco sobre justamente a questão do acesso à informação. Eu ia falar sobre os sites de saúde antes, mas o acesso à informação é mais importante, dado o contexto que estamos.


Enquanto eu escrevia essa parte, achei vários vídeos no Instagram que estão sendo automaticamente traduzidos, vi vários e a tradução não é boa, mas o mais estranho é que até o "mexer" da boca, então é bem estranho, porque se você não reparar bem, não vai perceber que na verdade aquela pessoa não está falando sua língua e muito menos é de seu país.


ACESSO À INFORMAÇÃO?

Já comecei a falar sobre acesso à informação, anteriormente, mas vamos especificar maaaaais, finalizando a ideia para pensar em Sites de Saúde (estadounidenses kk). Percebemos no capítulo do Google Tradutor que muitos aspectos da lingua/linguagem são deixados de lado em uma tradução automática. Ok mas antes vamos rapidinho separar língua (sistema único de comunicação, por algum povo etc) de linguagem (formas de se comunicar, unidades de informação etc), a definição não é tão simples assim e também vou utilizar de forma intervalente (palavra inventada: https://maresia.cat/palavras-inventadas#intervalente) em alguns momentos. Ok, outra vez. A reflexão que eu quero incitar aqui é: se partirmos do pressuposto de que a tradução automática permite mais acesso à informação, mas que ao mesmo tempo deixa de lado muitas partes do discurso, somos levado a pensar então que há algo em específico que se mantem, uma espécie de "essência", se a nuance é descartada o que sobra é o "cerne" da mensagem, não é mesmo? Então surge o questionamento "o que realmente importa em uma mensagem/texto/poesia?".

Para isso pensei em pegar uma série de poemas meus e traduzi-lo com IA, para que assim eu possa comprovar de alguma forma como é um conhecimento limitado que ela nos traduz. Mas não cabe nesse post, então vou fazer um outro e quando eu terminar, coloco o link aqui também: LINK. Pensei nisso porque seria um jeito de tirar a prova, considerando que eu SEI o significado real das palavras e também sei inglês. Então traduzir seria interessante, ALÉM disso, é um exercício interessante perguntar pra IA qual o significado desse poema também. O único problema seria ter que revelar os segredos ocultos dos poemas, mas isso posso levar em consideração. Mas além desse experimento que vou fazer, um aspecto muito importante para dar continuidade a reflexão é a própria ideia do "necessário" ou, de certa forma, ainda, "útil". imaginemos um simples convite de uma amiga para outra: "oiii amigaa, faz muito tempo que já não nos vemoss, estou com muita saudade! Vamos marcar de nos ver? Dessa vez não vamos só falar por falar, hein? O que acha de ser às 15h naquela padaria pertinho da sua casa? Você vai me avisando, até mais, beijos."

Vou pedir para que a IA traduza essa mensagem, para fins de informação vou pedir à 3 IAs diferentes, sendo essas Gemini, DeepSeek e também ChatGPT. Vamos lá! Antes mesmo de eu pedir, vamos analisar o que essa frase nos diz: provavelmente é uma pessoa calorosa, pelo uso de diminutivos, palavras alongadas, cumprimentos amigáveis, e talvez o uso frequente de pontos de interrogação também indique, no campo do discurso, uma ideia amigável também. Sabe aquelas pessoas que conversam tentando engajar você no assunto? Pois é, assim.

O comando utilizado vai ser o mesmo para as três, a fim de manter a lisura.

Comando:

Traduza a frase a seguir para o inglês: "oiii amigaa, faz muito tempo que já não nos vemoss, estou com muita saudade! Vamos marcar de nos ver? Dessa vez não vamos só falar por falar, hein? O que acha de ser às 15h naquela padaria pertinho da sua casa? Você vai me avisando, até mais, beijos."

Também pensei em escrever um comando que peça para considerar os aspectos "paralinguísticos" da frase. (Paralinguísticos no sentido das entrelinhas da frase no caso, já que é de fato um trecho escrito.

Então o segundo comando vai ser assim:

Traduza a frase a seguir para o inglês, considerando os aspectos paralinguísticos também: "oiii amigaa, faz muito tempo que já não nos vemoss, estou com muita saudade! Vamos marcar de nos ver? Dessa vez não vamos só falar por falar, hein? O que acha de ser às 15h naquela padaria pertinho da sua casa? Você vai me avisando, até mais, beijos."

Ok, então vamos para as IAs.

Com o comando 1, recebi as seguintes traduções. Devo dizer que escrevo enquanto faço esse exercício, então não sei o que esperar delas. Vale dizer que vou utilizar a versão gratuita de todas as versões, também.

Gemini:

Olá! Com certeza, posso traduzir essa mensagem bem animada para o inglês.


🇺🇸 Tradução para o Inglês


"Hey friend, it's been so long since we last saw each other, I miss you so much! Should we make plans to meet up? This time we're not just going to talk the talk, right? What do you think about 3 PM at that bakery near your place? Let me know, see you, kisses."


📝 Notas sobre a Tradução


Aqui estão algumas alternativas e nuances que usei para manter o tom informal e carinhoso da mensagem original:

  • "oiii amigaa" $\rightarrow$ (isso não é um erro do gemini, é que o site não aceita essa flechinha aqui -> então vou substituir nas próximas vezes que aparecer) "Hey friend" ou "Hey girl" (mais informal e próximo ao "amigaa") ou até mesmo "Hey bestie".

  • "faz muito tempo que já não nos vemos" -> "it's been so long since we last saw each other" ou "it's been ages" (mais idiomático).

  • "não vamos só falar por falar" -> "we're not just going to talk the talk" (uma expressão idiomática que significa evitar a enrolação e realmente fazer o que se propõe) ou "this time let's actually make it happen."

  • "Você vai me avisando" -> "Let me know" (maneira mais comum de dizer isso em inglês).

  • "beijos" -> "kisses" ou "xoxo" (comumente usado em mensagens informais).

Posso te ajudar a traduzir mais alguma frase ou palavra?



DeepSeek:

Hey girl! It's been so long since we last saw each other, I miss you a lot! Let's schedule to meet up? This time let's not just talk for the sake of talking, okay? What do you think about meeting at 3 PM at that bakery near your place? Just let me know, talk soon, kisses!

Explanation of translation choices:

  • "oiii amigaa" -> "Hey girl!": This is a natural, friendly, and common way to address a close female friend in English, capturing the tone of the original.

  • "faz muito tempo que já não nos vemoss" -> "It's been so long since we last saw each other": This is the standard and natural way to express this in English. The typo "vemoss" was corrected to "see each other."

  • "estou com muita saudade!" -> "I miss you a lot!": "Saudade" is a unique word, but "I miss you a lot" is the most direct and common translation that conveys the feeling.

  • "Vamos marcar de nos ver?" -> "Let's schedule to meet up?": This is a natural and common suggestion.

  • "Dessa vez não vamos só falar por falar, hein?" -> "This time let's not just talk for the sake of talking, okay?": The expression "talk for the sake of talking" perfectly captures the idea of making empty plans without following through. The "hein?" is translated as "okay?" to maintain the conversational, slightly insisting tone.

  • "O que acha de ser às 15h..." -> "What do you think about meeting at 3 PM...": The phrasing is made more active ("meeting") for natural English. "15h" is converted to the 12-hour clock format ("3 PM") common in casual English.

  • "Você vai me avisando" -> "Just let me know": This is a very natural and common way to say this in English. A more literal translation would sound awkward.

  • "até mais, beijos" -> "talk soon, kisses": These are standard, friendly closings for an informal message between friends. "Talk soon" implies an expectation of a response soon.


ChatGPT:

Aqui está a tradução para o inglês:

"Heyyy friend, it's been a long time since we last saw each other, I miss you so much! Shall we set a time to meet? This time we won’t just talk for the sake of talking, okay? How about 3 p.m. at that bakery close to your house? Keep me posted. See you later, kisses."



Ok agora vamos falar sobre essas 3 respostas. Primeiro de tudo, confesso que me surpreendi tanto com a resposta do Gemini quanto com a resposta do DeepSeek. Já que de bate pronto eles explicaram as escolhas da tradução. Vamos analisar uma a uma e depois podemos até mesmo pedir o segundo comando. Comecemos pelo Gemini. Vou colocar em itálico e um pouquinho maior para facilitar nossos comentários.

Olá! Com certeza, posso traduzir essa mensagem bem animada para o inglês.

O que me surpreende aqui é o "bem animada", isso significa que o tom da mensagem foi identificado. Ponto para o Gemini. Não estou fazendo nenhum sistema de pontuação, aliás.

🇺🇸 Tradução para o Inglês

O que eu gosto aqui é a indicação de qual inglês estamos nos referindo, se é britânico, australiano, indiano, nesse caso é o dos Estados Unidos.

"Hey friend, it's been so long since we last saw each other, I miss you so much! Should we make plans to meet up? This time we're not just going to talk the talk, right? What do you think about 3 PM at that bakery near your place? Let me know, see you, kisses."

Agora o texto propriamente dito, um detalhe já na primeira palavra é a escolha de não escrever com vários y, a palavra hey, enquanto que na mensagem inicial foi escrita com "oiii". Percebo também uma elevação da formalidade na primeira frase, apesar do sinal de exclamação indicar intensidade. Uma escolha interessante é pelo verbo modal "should we make plans to meet up?" ao invés de "Let's make plans to meet up?" o que também é uma escolha por uma maior formalidade. No entanto, assim como na explicação da polissemia da palavra mimada em português, a escolha "should we" traz, no inglês, uma dubiedade, podendo transmitir uma ideia parecida com uma frase escrita assim: "será que não deveríamos marcar de nos ver já?", enquanto que "lets do it" apesar da informalidade, ser ainda assim, indicativo de um convite mais direto e certeiro. A terceira parte achei interessante o uso da expressão talk the talk, primeiro porque não conhecia e careço de pesquisar se está coerente e segundo porque "falar por falar" foi percebido corretamente. Acho legal como nosso "né" é substituído por "right?", de fato eles tem a mesma função. Outra coisa interessante é a mudança de 15h para 3pm, o que é, sinceramente, outro ponto positivo, já que em inglês, geralmente se usa o tempo AM/PM, ou relógio de 12h, enquanto que por aqui, podemos usar das duas formas, geralmente. Será que se fosse ao contrário eles manteriam 3pm ou alterariam? Imagina, 15h -> 3pm, mas 3pm -> ?; Fica a reflexão, talvez eu explore isso na parte de automatismo e massificação. Além disso, o diminutivo simplesmente sumiu, é difícil mensurar o impacto do diminutivo, mas é também interessante perceber a falta que faz as vezes. Let me know, see you, kisses. Interessante, não sei o quanto kisses é comum, mas a escolha é válida.

Em relação às notas da tradução, não sei o quanto devo me alongar então vou comentar as que não foram comentadas indiretamente no comentário acima.

  • "oiii amigaa" $\rightarrow$ (isso não é um erro do gemini, é que o site não aceita essa flechinha aqui -> então vou substituir nas próximas vezes que aparecer) "Hey friend" ou "Hey girl" (mais informal e próximo ao "amigaa") ou até mesmo "Hey bestie".

Nessa parte, fica claro a limitação inerente às traduções, enquanto no português "amiga" é tanto friend quanto girl, no inglês essas duas partes se tornam opções de escolha em uma tradução. "hey bestie" talvez traria uma intensidade maior do que o necessário.

  • "faz muito tempo que já não nos vemos" -> "it's been so long since we last saw each other" ou "it's been ages" (mais idiomático).

Esse "its been ages" seria interessante em uma tradução do tipo "já faz um século que não nos vemos", mas legal que foi considerado.

Ok agora vamos para o DeepSeek, que também me surpreendeu positivamente. Ele já começa com a tradução do texto:

  • Hey girl! It's been so long since we last saw each other, I miss you a lot! Let's schedule to meet up? This time let's not just talk for the sake of talking, okay? What do you think about meeting at 3 PM at that bakery near your place? Just let me know, talk soon, kisses!

É interessante que no começo, a escolha da IA é a escolha alternativa à escolha da outra IA, uma escolhe "hey friend" e a outra "hey girl", agora a escolha de "I miss you a lot!" comparado à I miss you so much, não sei se tem alguma diferença, mas na minha percepção, I miss you so much é mais intenso. Além disso, um ponto interessante é que DeepSeek escolheu "Let's" ao invés da formalidade "should we" que Gemini priorizou, também gostei do "this time" como "dessa vez" e também gostei do "okay" como uma possível tradução para "né?", mas essa escolha também muda um pouquinho o sentido da frase, enquanto que okay é como se fosse uma espécie de "ta?", já "né?" é mais uma confirmação. 3pm, como já esperado e também a omissão (acredito que pela própria limitação da língua mesmo) do diminutivo perto -> pertinho. A escolha de "just let me know" traz um pouco mais de carinho, então também é algo positivo. Talk soon, kisses! Seria legal se eu tivesse colocado "a gente vai se falando", talvez tenha me faltado um pouquinho de criatividade nessa primeira frase, quem sabe na proxima. kkkk.

Outro aspecto interessante do Deepseek é que ele continua toda a resposta em inglês, já o Gemini alterna entre as duas línguas. Mas se uma pessoa pediu a tradução para o inglês talvez significa que ela não saiba inglês, né? Então escrever tudo em ingles é meio estranho.

Assim como no Gemini, porém, o DeepSeek também apresenta justificativas das escolhas de tradução. Vamos comentá-las, algumas no caso.

"faz muito tempo que já não nos vemoss" -> "It's been so long since we last saw each other": This is the standard and natural way to express this in English. The typo "vemoss" was corrected to "see each other."

Nada a declarar da tradução em si, mas é curioso como vemoss é interpretado como um erro de digitação, enquanto que na verdade é um elemento paralinguistico, isso é, representa um carinho, uma suavização da comunicação, basicamente.

  • "Dessa vez não vamos só falar por falar, hein?" -> "This time let's not just talk for the sake of talking, okay?": The expression "talk for the sake of talking" perfectly captures the idea of making empty plans without following through. The "hein?" is translated as "okay?" to maintain the conversational, slightly insisting tone.

Nossa! Na verdade acabei de perceber que eu nunca escrevi "né" kkkkkkk na verdade sempre foi hein, então a tradução do hein para okay está de fato perfeita. O resto não preciso comentar mais, além de que achei legal o comentário sobre saudade.

Por fim, vamos falar do ChatGPT, que é o que não quebrou minhas expectativas, já que essas eram baixas. "Heyyy friend, it's been a long time since we last saw each other, I miss you so much! Shall we set a time to meet? This time we won’t just talk for the sake of talking, okay? How about 3 p.m. at that bakery close to your house? Keep me posted. See you later, kisses."

Um ponto interessante da tradução do GPT que realmente vale destacar é a repetição dos yyy no hey, também me surpreendeu o uso do Shall, já que é uma forma linguística que não é tão utilizada na linguagem informal no inglês, a menos que eu esteja errada, também vou comentar o How about que eu gostei, acho que é uma boa transposição do "o que você acha" porque o fato de usar think, pode parecer mais profundo do que de fato é em portugues, eu acho isso, eu acho aquilo, eu PENSO isso, eu PENSO aquilo kkkk. Pensei tanto sobre linguas que estou ficando doida. Esse Keep me posted, por outro lado não é exatamente o mesmo efeito de você vai me avisando, acho que keep me posted é mais no sentido de realmente pedir isso enquanto que em portugues é um pedido vestido de sugestão. Mas porque eu não gostei do ChatGPT? Justamente pela tradução dada rapidamente sem explicação das possíveis nuances. Pensando que eu peguei a frase mais básica de todas, o que aconteceria se eu pegasse algo realmente dificil? Como já disse que farei, um poema?

Tudo isso me faz pensar num diagrama assim:

Observe que de forma geral algumas coisas são mantidas enquanto que outras não são, o que me preocupa não é a impossibilidade de passar alguns conceitos de um texto/língua para outro, e sim deixarmos nas mãos de máquinas o poder de escolha pra o uso de um termo ou outro. Ainda seguindo o diagrama, observe a linha inferior que passa no texto, essa linha representa o "tom", ou ainda, as nuances específicas (culturais, por exemplo), da língua. No texto traduzido há uma deflação, suavização, aplanamento dessa linha representando a impossibilidade de nuance mesmo. Mas será que eu não estou exagerando? Não exatamente. Vamos continuar.



SUGESTÃO DE PAUSA


SITES DE SAÚDE

Há um tempo (atrás), eu estava com um determinado sintoma e dor e como todo ser humano pós moderno fui pesquisar o que a dor significava. Eis que: não, não me disseram que eu estava com câncer, mas percebi que tinha alguma coisa errada com o português que ali estava colocado, o fluxo das palavras não encaixavam bem. Grande foi a minha surpresa quando percebi que o site que eu buscava a informação era na verdade, um site automaticamente traduzido do inglês e era um site de saúde dos Estados Unidos. Isso pode ser perigoso de diversas formas, vamos elencar alguns desses perigos.

O primeiro perigo é na própria concepção de saúde-doença. Apesar da ciência buscar ser objetiva e neutra, isso é uma falácia, é impossível que uma ciência seja neutra, ela carrega em si elementos objetivos e subjetivos e sempre está posicionada em algum período histórico e social. Óbvio! Então, ao lermos certos assuntos podemos ter algumas concepções distorcidas sobre o tratamento de certas condições e até mesmo sobre sua expressão.

Em relação ao tratamento, um dos perigos que posso citar aqui é em relação à por exemplo, o número de emergência, nesse site que chequei o número de emergência era 911, o que todos sabemos que não é o número de emergência brasileiro, você pode até pensar: "mas isso é obvio, todo mundo sabe", mesmo assim esses sites estão sendo recomendados e é de fato perigoso ler por exemplo que certa doença é tratada de uma forma enquanto que aqui no brasil é tratada de outra forma. O problema não é a diferença de tratamento em si, mas a forma silenciosa como esses sites traduzidos estão permeando a internet como pragas invisíveis.

Outra coisa relevante são os remédios, para além do fato de ter nomes diferentes, alguns remédios simplesmente não existem em outros países e essa forma de tradução automática de textos pode dar informações ilusórias, falsas esperanças, visões irrealistas e enviesadas (politicamente e culturalmente também), enfim, muitos problemas.

Mas de nada adianta tudo isso e esse cuidado se no fim das contas os artigos brasileiros ou sites brasileiros no geral forem buscar informação nessas fontes e não tiverem um filtro também. Não é porque é de outro país que é necessariamente certo ou errado, é preciso desenvolver o pensamento crítico para que possamos de fato nos posicionarmos em um lugar ou outro, ou escolhermos não nos posicionar (o que já é uma posição), do que copiar cegamente textos e práticas de outros países simplesmente por preguiça de entender mais o assunto, além de não dar créditos ao texto original e agir como se tivesse escrito de fato seu próprio texto. (Digo isso em todos os assuntos, qualquer assunto, incluindo, até mesmo, astrologia).



AUTOMATISMO E MASSIFICAÇÃO

Como decidir o cerne das informações que merecem ser passadas à diante? Se levarmos esse questionamento de necessidade adiante, podemos chegar ao extremo e perguntar "o que é de fato importante?" ou ainda "o que de fato é necessário?". É com esse pensamento que muitas coisas nas quais acreditamos serem necessárias caiem por terra porque estão baseadas em uma certa moral naturalizante ainda que invisível. Não, não é natural que você trabalhe 8 horas por dia. Não não é natural que você coma 6 vezes por dia. Não, não é natural que você tenha que comer 3 porções de frutas diferentes todos os dias. Não, não é natural que você precise pensar o tempo todo em manter seu IMC entre 18 e 24. Não, não é natural. Mas é necessário? Necessário para quê? Ou melhor necessário para quem? Quem se beneficia dessas coisas? A resposta pode ser eu mesma para algumas dessas perguntas mas é simplista dizer que essas coisas são naturais, quando na verdade não são, e estão, na verdade, dentro de uma estrutura. Em diferentes lugares, a relação com o ambiente é diferente, você não come 3 porções de frutas o dia inteiro, na verdade hoje come apenas frutas, a amanhã come peixe com biju, e depois come nutella e doce de leite, e depois não come nada para jejuar. A vida é dinâmica. Eu não estou dizendo que todos devem deixar de lado as estruturas e métricas que se guiam, é justamente o contrário, não acho que devam nada. E levar a discussão do que é realmente necessário ao último nível é acabar em um ponto terrível, porque no fim, não tem uma resposta pra isso, e a própria pergunta pode ser utilizada de formas diferentes para cada interesse. Por exemplo na linha de raciocínio acima, confesso que me perdi, porque eu ia falar sobre algo completamente diferente, mas está no meu campo de interesse ultimamente repensar algumas fórmulas de vida e como eu posso passar pela vida sem me guiar por essas fórmulas. Mas no caso da linguagem, a ideia que eu quero passar é justamente o oposto: as línguas têm substância cultural e contextual diferenciados que devem ser considerados ao traduzir uma mensagem. Então volto à ideia original, se levarmos ao pé da letra o que é necessário para entendermos uma mensagem, vamos chegar ao ponto de dizer que tudo são impulsos elétricos cerebrais. Abrindo margem, para mim, de pensar em uma sociedade que é unicamente guiada por impulsos elétricos sem movimento. No filme matrix, por exemplo, eles dizem que um dos motivos pela cidade matrix existir é que o ser humano precisa de uma realidade coletiva para que possa produzir energia e tals. Mas, como construir uma matrix de forma a não precisar construir de fato uma matrix? Na verdade que bom seria se pudéssemos construir uma matrix aqui e agora na vida real, e que as pessoas tivessem fórmulas perfeitas para viver, de acordo com um ideal único de sociedade e comportamento, não é mesmo? Qual o ponto principal da sua vida, senão a mera adaptação? E adaptar-se socialmente é diferente de adaptar-se de uma maneira biológica, ao mesmo tempo em que essas duas coisas estão relacionadas. A grande limitação da lógica formal é fazer justamente essa separação. A adaptação social é também parte biológica, mas a parte biológica não vai determinar como a adaptação social vai ocorrer, é o contrário, a sociedade vai determinar como a parte biológica vai ser interpretada, então a parte biológica sinaliza uma determinada determinação. É um metabolismo. Complexo. Mas a principal questão nesse sentido é que a linguagem é determinada socialmente. Ao mesmo tempo que a linguagem é determinada socialmente a linguagem é também determinante no processo social, outro metabolismo. Por exemplo, a palavra mamãe começar com a letra M porque biologicamente é mais fácil falar M e mamãe designa uma pessoa que está mais próxima desde o nascimento, etc, o "arquétipo" mãe é totalmente diferente do que apenas a combinação de sons MÃE. E os significados são ao mesmo tempo individuais como culturais, porque também estão relacionados. E além disso não é possível dizer que todas as palavras que designam mamãe são de fato determinadas por essa regra da facilidade de pronunciar M. Em uma pesquisa rápida no google tradutor (kkkkkkkkk), percebo que nem todas as mamães em outras línguas são chamadas de M.... Geralmente ainda é Ma, mas vou ignorar todas que comecem com M no geral.

Vamos ver alguns exemplos (vou fazer um post tentando encontrar pessoas que falam essas outras línguas para que elas pronunciem essas palavras para mim). (estou escrevendo a forma como se escreve na lingua e ao lado a forma romanizada, se houver). Vou colocar em negrito para ficar melhor a visualização tbm.

Abcázio (Geórgia) - ан an

Afar (Etiópia) - ina

Aimará (Peru, Bolívia) - tayka

Albanês - nënë

Amárico (Etiópia) - እናት inati

Vou fazer uma pequena pausa nessa parte para fazer duas colocações: a primeira é sinalizar uma questão geográfica, percebam como na Etiópia, as palavras que designam mãe são bem parecidas em duas línguas diferentes; e a segunda é que essa observação das línguas como um todo é vazia, porque não estou levando em conta contextos culturais (como o papel da mãe em cada sociedade, por exemplo), ou até mesmo etimológicos nessa pesquisa boba, é só de fato uma curiosidade. Outro ponto importante é que estou citando apenas as línguas que estão disponíveis no google tradutor e as que não começam com M, depois tenho que fazer uma contagem de quantas tem e vermos uma porcentagem, tudo isso para provar o ponto de que nem mesmo as línguas são universais (e nem devem ser pelo amor de DEUSS).

Para o Árabe surgiu uma questão interessante, a palavra que o Google forneceu é Al'umu, mas eu sei que Al em árabe é o artigo, então a palavra para mãe em árabe é Umu? A dúvida é, como as mamães árabes são chamadas? Na verdade nem mesmo no português elas são chamadas da mesma forma, temos mamãe, mãe, mamãezinha, mainha, manhê, mami etc. Mas ok é de verdade, limitado, kkkk. Mas para solucionar essa questão, fui ao discord, buscar uma pessoa árabe, para me responder essa única pergunta.

Ok! Acabei de encontrar uma querida que respondeu a minha pergunta e para minha surpresa, apesar de ser em teoria Al'umu, a forma vocativa de mamãe é, pasmem, Mama! Mas eu perguntei, também, claro, se as pessoas chamam de Umu ou não e ela me disse que se são adultos, provavelmente vão chamar a mãe de Umi, o que é sinceramente fofíssimo. Mas isso me faz pensar, mais uma vez, como o google tradutor não é preciso, mas como é uma ferramenta que tenho, vamos continuar nossa busca. Ainda assim, vou buscar pessoas nativas nessas línguas que eu encontrar para verificar essa questão. Porque pode ser tanto pela questão da facilidade da pronuncia como também pelo contato com outras línguas que agora dizem mama, enfim, continuemos.

Ávaro (Daguestão) - эбел ebel

Azerbaijano - Ana

Bambara (Mali, Burquina Fasso, Costa do Marfim, Guiné, Senegal, Gâmbia, Gana, Libéria, Serra Leoa, Mauritânia) - bamuso

Baoulé (Costa do Marfim)- ni

Basco (espanha) - Ama

Bashkir (Russia) - әсәй esei

Batak karo (indonésia) - nande

Sobre Batak Karo, achei uma informação interessantíssima, eles são divididos em cinco grupos distintos (Batak Toba. Batak Karo. Batak Simalungun. Batak Angkola. Batak Pakpak Dairi) com um alfabeto diferente cada um, no google tem a tradução de três deles.

Batak Simalungun- inang

Batak Toba - inong

Interessante como elas se parecem em alguma medida mas possuem variações também,

Betawi (indonésia) - Enyak

Já essa apesar de também ser na Indonésia não é tão parecida com os Bataques.

Bikol (Filipinas) - Ina

Olhem só que coisa mais interessante, tanto na Etiópia quanto nas Filipinas existe um grupo linguístico que chamam as mamães de Ina. Que fofo!

Outra coisa que percebi ao longo do tempo é que o Google Tradutor não traduz corretamente o nome das linguas, por exemplo, o nome da lingua Bikol em português é também, bicolano e os bataks são chamados de Bataques, não sei mensurar o quanto de impacto ou diferença isso causa, mas é interessante também pontuar isso.

Ao mesmo tempo que pesquiso a palavra mãe, também pesquiso ao mesmo tempo o povo na wikipédia e me divirto um montão com isso. O ser humano é realmente incrível. Continuemos que ainda estamos na letra B.

Buriato (Russia, Mongólia, Chinia) - эхэ éhé

Também tive a curiosidade de pesquisar as palavras leite, mamar e beber, respectivamente sendo: һүн, һүнөөр тэжээхэ, эдихэ. Aí eu comecei a ver o meu erro metodológico, mas também a potência dessa simples pesquisa, porque eu coloquei leite, mamar e beber, como palavras únicas e separadas no tradutor, agora, quando eu coloco mamar leite, a palavra que aparece é һү һорохо, sendo a tradução direta chupar leite. Não saber os contextos das palavras realmente é dificil. Mas outra coisa interessante é que tanto leite quanto mamar tem o início һү. Pesquisando um pouco sobre a família da língua, além do que eu poderia chutar como "deve ser parecido com russo", na verdade descobri que está na família mongólica, porque eu iria chutar que esse radical está relacionado com leite de alguma forma e que os finais são casos, mas não dá para afirmar nada disso. Agora fiquei com curiosidade de ver a palavra queijo, nem vou colar aqui porque não tem nada a ver. Antes de continuar, também devo dizer que a palavra que estou usando para traduzir é MÃE, mas com certeza, assim como falado anteriormente, há muitas outras formas de chamar, mamãe, mamãezinha, mainha. Enfim, continuemos!

Canarês (India) - ತಾಯಿ Tāyi

Canúri (Nigéria, Níger, Chade, Camarões) - Yaa

Cazaque - Ana

Assim como o Azerbaijão, no Cazaquistão também chamam (talvez, porque sabemos que o google não é preciso) de Ana, lembrando que não é a mesma pronúncia de Ana no Brasil, porque nasalamos o A geralmente quando está perto de N, então nesse caso provavelmente, seria a mesma pronuncia de Ana como Anabólico (sem o bólico), nesse caso acho que é pela proximidade geográfica mesmo, mas no caso das Filipinas e da Etiópia, realmente fiquei curiosa com a semelhança. Coincidência?

Cebuano (Filipinas) - inahan

Também possui Ina como início, muito interessante, uau.

Chamorro (Guam, Marianas) - nana

Ao ler sobre Chamorro, vi que sofreram influências espanholas, e assim como fiz com o idioma Buriato, decidi pesquisar as palavras leite, mamar e comer, respectivamente sendo: lechi, na'ma'åse', cho'chu. Mas assim, não estou pesquisando sobre as estruturas das linguas ou algo assim, só estou pesquisando sobre a palavra mãe, mas vemos uma clara influência hispanica ali com Lechi, com certeza não é nada fofo a colonização, mas a palavra lechi é fofa.

Checheno (Russia) -нанa nana

Chuukese (Micronésia) - inenap

Essa foi dificil encontrar o local, mas uma curiosidade é o fato de que na ilha tem 50mil pessoas Micronésias e 10 mil pessoas estadounidenses. Vou poupar as minhas opiniões políticas, mas é curioso. Ok, não vou poupar nada. Pesquisando em diversas fontes da wikipédia (uma dica é, coloque em diversos idiomas e você vai ter acesso à muita informação). Traduzido do Mandarim, essa Ilha no passado foi utilizada pelo Japão para se defender na Segunda Guerra Mundial, para se defender do Japão, haviam mais de 37 mil japoneses para 9 mil chuuks (ou truks). "Chuuk foi registrado pela primeira vez em 1565, após sua descoberta pelo espanhol Alonso de Arellano. No entanto, as informações da época não podem avaliar adequadamente o povo Chuuk. Foi somente 250 anos depois, no início do século XIX, quando um número considerável de navios de diferentes nacionalidades entrou, que eles começaram a ser registrados. No processo, conflitos entre estrangeiros e moradores locais frequentemente ocorriam. Tome o britânico Andrew Cheyne como exemplo. Ele foi atacado por fogo de artilharia feroz e várias tragédias ocorreram, o que espalhou amplamente a imagem do povo Chuuk como traiçoeiro e perigoso." Essa parte do texto me surpreende um pouco, considerando que "traiçoeiro e perigoso" são adjetivos utilizados para esse povo, quando me pergunto se não estavam apenas se defendendo. Os feriados estatutários nacionais incluem o Dia de Ano Novo (1o de janeiro), o Dia Constitucional (10 de maio), o Dia das Nações Unidas (24 de outubro) e o Dia Nacional (3 de novembro). Natal (25 de dezembro) também é reconhecido pelo estado. Além desses feriados federais, cada estado e município tem sua própria celebração. As datas mais comuns celebram a assinatura de constituições nacionais e municipais, e o Dia da Libertação (11 de setembro) comemora a vitória dos Estados Unidos sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial. Também achei curioso como é 11 de setembro. O que também é o dia do ataque as Torres Gêmeas e também o dia do golpe de Pinochet no Chile. Em 1986, os Estados Unidos assinaram o "Acordo de Estado Livre" (COMPACTO DE LIVRE ASSOCIAÇÃO), exigindo consulta aos Estados Unidos sobre relações exteriores e defesa nacional. O país secreto é uma república federal, e o sistema político imita o sistema presidencialista de separação de poderes dos Estados Unidos. Acordo de estado livre? kk! Nossa! preciso continuar!

Concani (India) - आवय sem romanização

Coreano - 어머니 eomeoni

Nos doramas/k-dramas escuto as pessoas chamando a mãe de "omaa"

Curdo (Curdistão!!!) -

Curdo Central - دایک daîk

Dari (Afeganistão) - مادر sem romanização

Diúla (Burquina Fasso, Costa do Marfim, Mali) - bamuso

Assim como a lingua Bambara, a lingua Diúla também usa a palavra Bamuso. Interessante, mas também estão geograficamente sobrepostas. e estão na mesma família.

(n?) Dombe (Angola)- baama

Essa lingua não encontrei exatamente, só encontrei ndombe, então vou pressupor que é essa mesma.

Dzonga (Butão) - ཨའི་ a'i

Ok, finalizo a letra D e também o capítulo, acredito que esse assunto tão interessante deva ter um post só para ele. Vamos continuar então com a programação normal. Tudo que eu queria dizer com essa pesquisa já foi dito. O Ser Humano é diverso e a universalização do particular é prejudicial para a espécie humana, será que as Ias estão preparadas para lidar com toda essa diversidade ou criamos a tecnologia antes da nossa própria emancipação?


3pm -> 15h -> também tinha colado essa parte aqui, que era um teste da IA se ela muda o 3pm para 15h ou não, posso fazer esse teste rapidamente apenas copiando o meu convite inicial para cada uma das IAs que vimos anteriormente, utilizando a tradução em inglê do Gemini, porque estou com preguiça de criar uma nova. Comando 1 : Traduza para o português


"Hey friend, it's been so long since we last saw each other, I miss you so much! Should we make plans to meet up? This time we're not just going to talk the talk, right? What do you think about 3 PM at that bakery near your place? Let me know, see you, kisses." Gemini:

Aqui estão algumas opções de tradução, dependendo do nível de intimidade e do gênero do amigo(a):


1. Opção Natural e Descontraída (Recomendada)


Esta opção soa muito natural para uma mensagem de texto ou WhatsApp no Brasil.

"Oi amiga(o), faz tanto tempo que a gente não se vê, estou com tanta saudade! Vamos marcar de nos encontrar? Dessa vez não vamos ficar só na promessa, né? O que você acha das 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa. Até mais, beijos."


2. Opção Mais Informal (Gírias leves)


"E aí! Quanto tempo, tô morrendo de saudade! Bora marcar alguma coisa? Mas dessa vez é pra valer, hein, nada de só falar e não fazer! Que tal às 3 da tarde naquela padaria aí perto? Me fala. Bjs."


Notas sobre a tradução:


  • "Friend": Em português, precisamos definir o gênero. Use "Amiga" se for mulher ou "Amigo" se for homem.

  • "Talk the talk": A expressão idiomática "not just going to talk the talk" significa não apenas falar que vai fazer, mas realmente fazer. Em português, adaptamos para expressões como:

    • "Não vamos ficar só na promessa" (Mais comum).

    • "Não vamos ficar só na conversa".

    • "Dessa vez é pra valer".

  • Horário: "3 PM" pode ser traduzido como 15h ou 3 da tarde.

Gostaria que eu adaptasse a mensagem para o português de Portugal ou deixasse o texto mais formal?

OK mais uma vez o Gemini me surpreendendo positivamente.


DeepSeek:

"Oi, amiga! Faz tanto tempo que a gente não se vê, sinto muita sua falta! Vamos fazer planos para nos encontrar? Dessa vez a gente não vai só na conversa, né? O que você acha de 15h naquela padaria perto da sua casa? Me diz, até mais, beijos!"


ChatGPT:

Aqui está a tradução para o português:

"Ei, amigo(a), faz tanto tempo desde a última vez que nos vimos, sinto tanta saudade! Vamos fazer planos para nos encontrar? Desta vez não vamos só ficar na conversa, certo? O que acha de às 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avise, até mais, beijos."


Todos passaram no teste com a mensagem do Gemini, agora vamos ver se passam no teste com as outras mensagens também,

Comando 2 : Traduza para o portugues:

Hey girl! It's been so long since we last saw each other, I miss you a lot! Let's schedule to meet up? This time let's not just talk for the sake of talking, okay? What do you think about meeting at 3 PM at that bakery near your place? Just let me know, talk soon, kisses!


Aliás, sempre crio nova conversa para perguntar. Gemini:

Claro! Aqui está a tradução para o português:

"Oi, amiga! Faz tanto tempo que a gente não se vê, sinto muito a sua falta! Vamos marcar de nos encontrar? Desta vez não vamos só enrolar na conversa, tá? O que você acha de nos encontrarmos às 15h naquela padaria perto da sua casa? É só me avisar, falamos em breve, beijos!"

Se quiser, posso te ajudar a traduzir outras frases ou dar sugestões de como deixar essa mensagem ainda mais informal em português!

DeepSeek:

Oi, amiga! Faz tanto tempo desde a última vez que nos vimos, sinto muito a sua falta! Vamos marcar de nos encontrar? Dessa vez não vamos deixar só na conversa, hein? O que você acha de nos encontrarmos às 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa, até logo, beijos!

Chatgpt:

Ei, garota! Faz tanto tempo desde a última vez que nos vimos, estou com muita saudade! Vamos marcar de nos encontrar? Desta vez, vamos realmente conversar, não apenas por conversar, ok? O que acha de nos encontrarmos às 15h naquela padaria perto da sua casa? Só me avisar. Falamos em breve, beijos!


Todos passaram no teste das 15h mais uma vez, mas tem um erro metodológico mais uma vez, eu não percebi que o gemini estava selecionado para "raciocínio" automaticamente e por isso deu uma resposta mais elaborada, então vou repetir o procedimento do primeiro comando com o raciocínio desligado. Além disso a tradução do Chatgpt está horrorosa com "garota" e "vamos realmente conversar".

Gemini resposta ao comando 1:

Olá! Aqui está a tradução para o português:

"Oi amigo(a), faz tanto tempo que não nos vemos, sinto tanto a sua falta! Vamos combinar de nos encontrar? Desta vez não vamos só falar, certo? O que você acha de ser às 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa, te vejo, beijos."

Observações:

  • Usei amigo(a) para manter a informalidade, pois o original usa "friend." Você pode escolher apenas "amigo" ou "amiga" dependendo do gênero da pessoa.

  • "Talk the talk" foi traduzido como "só falar" no contexto de não concretizar os planos, o que transmite o sentido da frase original.

  • "3 PM" foi traduzido para o formato de 24 horas "15h," que é comum no Brasil.

Gostaria de traduzir mais alguma coisa?

OK, na verdade ainda está melhor que as outras, mas nenhuma soa natural.


E por fim vamos fazer a terceira tradução com o comando 3:

Traduza para o portugues

Heyyy friend, it's been a long time since we last saw each other, I miss you so much! Shall we set a time to meet? This time we won’t just talk for the sake of talking, okay? How about 3 p.m. at that bakery close to your house? Keep me posted. See you later, kisses.


Gemini:

👋 Amigo(a), faz tanto tempo que não nos vemos, sinto muita saudade! Vamos marcar um horário para nos encontrarmos? Dessa vez não vamos só falar por falar, hein? Que tal às 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa. Até mais, beijos.


📝 Notas de Tradução


  • A saudação "Heyyy friend" foi traduzida como "Olá, amigo(a)" ou simplesmente "Amigo(a)", com a possibilidade de adicionar um emoji para manter o tom informal.

  • "It's been a long time since we last saw each other, I miss you so much!" virou "Faz tanto tempo que não nos vemos, sinto muita saudade!", mantendo a ênfase e o afeto.

  • "Shall we set a time to meet?" foi traduzido para "Vamos marcar um horário para nos encontrarmos?".

  • "This time we won’t just talk for the sake of talking, okay?" foi adaptado para "Dessa vez não vamos só falar por falar, hein?", que é uma expressão mais natural e informal em português.

  • "3 p.m." é comumente escrito como 15h em Portugal e em parte do Brasil, mas também pode ser "3 da tarde".

  • "Keep me posted" foi traduzido como "Me avisa" ou "Me mantenha informado(a)", sendo "Me avisa" mais informal.

  • "See you later, kisses" foi traduzido como "Até mais, beijos."

Gostaria de traduzir mais alguma mensagem ou texto para o português?

DeepSeek:

Oii, amiga, faz tanto tempo que a gente não se vê, saudades de você! Vamos marcar de nos encontrar? Dessa vez a gente não vai só marcar, tá? Que tal 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa. Até mais, beijos.

ChatGPT:

Claro! Aqui está a tradução para o português:

Heeey amigo(a), faz muito tempo que a gente não se vê, estou com tanta saudade! Vamos marcar um horário para nos encontrar? Desta vez não vamos conversar só por conversar, ok? Que tal às 15h naquela padaria perto da sua casa? Me avisa. Até mais, beijos.



Aparentemente eles traduzem bem do português para o inglês, mas não sinto que é perfeito do inglês para o português, falta coisa, no entanto, nas duas formas. Mas enfim, tire suas próprias conclusões. O gemini, porém, ganhou em todas as vezes que participou.



SUGESTÃO DE PAUSA

A BELEZA DO CRIATIVO

Vou me citar como exemplo, as vezes eu sinto que eu mesma estou pensando de forma compartimentalizada tal qual uma IA. Que coisa horrível de se pensar e de dizer, mas é a pura verdade, por exemplo, o meu início do texto, separar em tópicos para ficar mais fácil, não que tenha um problema nisso, já que eu realmente estou falando de assuntos infinitos que abrem margem para todo tipo de outros assuntos que possam surgir e que talvez eu fosse me perder se não tivesse uma lista de tópicos, o problema está na massificação, na substituição, ainda que devagar e silenciosa de uma prática de escrita por outras. Todos temos diversos vícios de linguagem que na verdade não são necessariamente ruins, claro que em um texto acadêmico, é importante evitar e se manter o mais objetiva possível, mas ao mesmo tempo que o vício de linguagem é prejudicial, é também posicionado em uma linha tênue compartilhando fronteiras com o desenvolvimento de estilo pessoal de escrita. A IA, por sua vez, possui também vícios de linguagem e é preciso tomar cuidado para que ela não mate nossa criatividade ao escrever e ainda ao inventar palavras, ou a repetir termos, ou a dar quatro ou dois exemplos ao invés de sempre três, ou ainda dar apenas três exemplos e simplesmente não se importar tanto com seu texto parecendo uma IA. O maior importante é não esquecer do fator humano mesmo.



TRABALHO, EXPLORAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

Bom, enquanto eu estava escrevendo sobre essa parte mais específica do fator humano, me atentei que o próximo passo é exatamente a questão do Trabalho, da Exploração e por fim, da Substituição de Mão-de-Obra sobre especificamente a profissão de um tradutor. O principal fator de diferença aqui é o "tempo". O tempo que uma tradução de uma poesia chinesa e um comando de ia ou de um site, é extremamente diferente e portanto será priorizado. Não vejo problemas, principalmente na tradução de manuais técnicos, por exemplo. Mas vamos falar inicialmente dos problemas.

A primeira coisa que podemos refletir é sobre a democratização, então inicialmente é algo positivo, as pessoas têm mais acesso, mas esse acesso é substancialmente mais superficial do que seria, depois que todos estamos dependentes, ficamos doidos e não podemos fazer nada, a não ser utilizar. Depois disso o que acontece é que a demanda por tradutores cai consideravelmente e poof, o preço do serviço também. O que novamente, é mais complexo do que isso. Mas daí o tradutor é reduzido a um mero observador e fiscal de IA. O trabalho de busca, de reflexão é jogado fora, ou "otimizado". Mas o pior de tudo isso é que a própria IA utiliza o material humano construído ao longo de milhares de anos para formar seu padrão e ao mesmo tempo cria mecanismos para que mais pessoas fiquem sem emprego. E eu sinceramente adoraria que as pessoas não precisassem trabalhar e pudessem ficar em casa criando poesia enquanto temos robôs inumanos que fazem alguns trabalhos para nós. Mas sabemos que esse não é bem o caso. Vou falar de algumas coisas boas que a tradução pode trazer depois, mas vamos ver um pouco sobre os bancos de dados.

QUALIDADE DE BANCO DE DADOS

Vou iniciar meu pensamento falando sobre algo que tem a ver com buscas de imagens, e é: a palavra LEITEIRA.

Leiteira têm dois significados. O objeto que você coloca o leite para esquentar. E a mulher que vende leite. (E ainda a vaca que produz leite kkkk). Porém, esses dias eu fui pesquisar a palavra "leiteira" na aba de gifs para enviar a imagem do objeto que coloco o leite para esquentar e só apareceu mulheres que trabalham na venda de leite (com mamas consideráveis também, ~mas isso deve ser apenas coincidência).


Esse exemplo bobo já reflete a limitação do banco de dados, com um banco de dados limitados pela limitação da própria estrutura de programação (podemos armazenar o cheiro de chuva?), a IA cria uma leitura de padrões que aos poucos, e com o pessoal usando cada vez mais, cria-se um contínuo, no qual a IA concentra e sintetiza o conteúdo humano produzido em padrões e universaliza essa padrão, e com todos a usando, o padrão torna-se de fato universal, e superficial. Com a mesma estrutura linguística do chat gpt para tudo.

Além disso, como garantir que os viéses dos bancos de dados não são passados para os textos da IA? Vieses antropológicos, psicológicos, positivistas, etc.

FIM DA ESTRUTURA FLEXÍVEL DA LÍNGUA?

E é sobre isso que quero falar aqui, os padrões. Antes de falar sobre o fim, queria falar sobre algumas coisinhas que mostram a influência do inglês na maneira como percebemos o português. A primeira coisinha é adjetivo na frente do substantivo. Por exemplo "Inicial desaparecimento" ao invés de "desaparecimento inicial". E no português isso realmente pode acontecer, mas não é o comum da língua. Outra coisa que percebo é a palavra só.

Vejamos:

Só eu posso te ligar

Eu só posso te ligar

Eu posso te ligar só

Eu posso só te ligar

Só eu te liguei

Eu só te liguei

Eu te liguei só

Todas essas frases têm nuances diferentes, mas isso vou deixar para vocês refletirem kkkk. Quem sabe eu faço mais um post sobre isso algum dia.

TORRE DE BABEL

Essa história é muito famosa e busca explicar como as diversas línguas existem, não vou reexplicar a história, você mesmo pode ler a bíblia para conhecê-la. O ponto interessante que trago aqui, é como nessa história, a diversidade linguística foi necessária para impedir o ser humano de fazer o que bem quisesse, isso é, impedir a ganância humana de chegar ao céu ou de serem mais célebres que Deus. Então, de certa forma, ter muitas línguas foi positivo, ainda que de uma outra perspectiva. Agora que temos uma língua franca mais difundida, será que a ganância dos homens voltará? Ou ela nunca foi embora?

PEDRA ROSETA (nem tudo é mal em tradução)

A pedra roseta é uma pedra importantíssima que foi utilizada para conhecer os hieróglifos egípcios, sem ela, provavelmente não teríamos formas de traduzi-lo. A Inteligência Artificial (ou o Google Tradutor) pode ser de fato uma ferramenta muito poderosa para que nós possamos ter mais acesso à Pedras Rosetas ou etc. E pode parecer até uma traição a minha tese inicial, mas não é. Eu realmente acredito que nem tudo é mal. A linguagem é sim limitada as vezes. Mas acredito que há alguns lugares que a tradução automática pode ser interessante, porque não estou tentando parecer reacionária ou conservadora de nenhuma maneira, amo a tecnologia, apenas estou tentando repensar seu uso para que nós a utilizamos e não sejamos utilizados ou criados por ela, ou deixarmos a interação humana de lado simplesmente.

Em traduções técnicas, por exemplo, o manual da minha máquina de costura. Será que teria algum problema se fosse traduzido por IA? Provavelmente não! Obviamente humanos ainda seriam necessários para a tradução e conferência. ao mesmo tempo imagino que se eu fosse traduzir um manual da maquina de costura eu iria escrever alguma coisa com uma pegada mais literária ou afetiva de certa forma, porque sinto que odiamos a afetividade em nome de uma objetividade que não faz sentido. Imagina no final do manual escrito "espero que todas a máquina de costura possibilite que as suas criações reflitam você, seja remendando ou fazendo roupinhas do zero. Aproveite!" Mas isso é desnecessário, sabemos.

Enfim, eu mesma uso o google tradutor, e IAs e ok, somos produtos do nosso tempo, o importante é que estejamos cientes das limitações das ferramentas e conscientes do risco e custo (as vezes invisíveis) que eles nos trazem.

A resistência humana vai sempre existir, a criação de uma subcultura geralmente implica em uma contracultura, por isso não fico totalmente encabulada com isso. Sou uma otimista por natureza (ou por criação?).


SUGESTÃO DE PAUSA

Ok, e agora? Lidando com o descontrole, caos e frustração. Em tudo.

  • Esse parágrafo é puramente um longo desabafo sobre tudo que sinto sobre todos esses assuntos em cima. E também sobre definição de humanidade. Não leia se não quiser, é um desabafo dramático, e circuloso, porém verdadeiro.


Depois de toda essa reflexão, e até mesmo durante, (e até relacionado com outros assuntos na minha vida), fico pensando, o que fazer depois de tudo isso?

Esses assuntos, quando penso em impacto em mim, me fazem sentir como se eu não pudesse confiar em nada, e tudo fosse um grande teatro cultural e linguístico. Me fazem perguntar, o que de fato é importante, como no caso das ias que traduzem rapidamente, o que de fato é importante? Ao mesmo tempo que vejo importância na informação de traduzir as coisas, me parece que reduzimos TUDO à uma mera funcionalidade. E ao levar isso ao extremo nos perdemos daquilo, que em minha visão, nos faz humanos. Por exemplo uma casa, antes construíam casas devagar, grandes construções ou mesmo as pequenas, tinham mais tempo e ponderação. Lembro da casa da minha avó, nunca fomos ricos, mas tinham muitos detalhes, hoje em dia está mais higienizado. porque reduzimos a função de uma casa para um abrigo. Então a expressão simbólica do ser que mora ali é colocada em segundo plano. Mas isso me faz pensar que há um esvaziamento do próprio ser também. Quando pensamos, em última instância sobre os sentidos daquilo que fazemos, ou o que é essencial em cada uma das coisas, tudo parece cair para um reducionismo essencialista e biologizante da necessidade humana. Se precisamos dormir, uma cama é suficiente, uma cama cinza. ou incolor, não importa. E na realidade de fato não importa, de fato é suficiente, mas a expressão do ser humano atual é vazia de significado. Uma casa cinza, de um ser humano que não pensa, só faz. E faz o que? Faz o que lhe é designado e lhe faz bem. Mas no fim das contas, em última instância, quando o tecido social perder os NÓS (e quando digo nós digo Nós mesmos, eu e você), não haverá nenhum tipo de sistema moral que nos impeça de, até de forma, distópica, sucumbirmos à uma espécie de matrix, porque é bom, porque é gostoso, porque é funcional, e tudo será cinza e utilitário, seremos vazios, porém úteis, e que alegria é ser útil, não é mesmo? As necessidades biológicas, químicas e físicas estarão a salvo, há uma produção considerável de energia para que o sistema continue a funcionar e a felicidade será vendida em formas diferentes de autorrealização. Tenho medo desse futuro, mas me recuso a baixar a cabeça se ele vier. Não é um ode ao sofrimento, mas uma forma importante de encarar a massificação do que é considerado humano, funcional ou importante e relevante. Porque nossos desejos não são cunhados individualmente, mas são introduzidos (no sentido de injetados, introjetados mesmo) pelo sistema em que vivemos. E porque isso me afeta tanto? Porque a minha visão de morte da linguagem me afeta tanto? Eu acho que um dos principais motivos é justamente a morte da poesia. Se a lingua é massificada, teremos que inventar novas formas de poesificar a vida. E é interessante porque podemos, sei que o ser humano pode. Mas me dá um pouco de medo de ver o que vai acontecer. Na verdade, o que me assusta, não é o sofrimento humano ou a busca das pessoas por respostas mais simplificadas, mas a necessidade que o sistema encontrou de capturar esses sofrimentos para massificar soluções. E daí eu tenho algumas alternativas para lidar com essa minha angústia, linguística e social e também com a frustração de não conseguir salvar o mundo. A sensação é justamente essa: frustração por não conseguir de fato impactar as pessoas da forma como eu gostaria, porque isso não depende apenas de mim. E o interessante é que é impossível escapar de uma espécie de matrix, mas reconhecer seu lugar nela é o mais importante pra mim, porque talvez eu não veja de fato um mundo onde tudo é extremamente reduzido à biologia, mas o como viver em um meio termo, onde essas contradições existem e não são consideradas problemas mas soluções.

Ok, sobre as alternativas:

  • Eu posso de fato buscar o desengajamento dessa situação, porque a forma como uma coisa me afeta, não é necessariamente como uma coisa afeta uma outra pessoa, e de fato é muito difícil para mim reduzir a linguagem humana a uma mera tradução que não captura a essência da língua.

  • Eu posso tentar de forma individualmente buscar a compreensão, sozinha mesmo, daquilo que a tradução de fato quis dizer e as nuances.

  • Contar para alguém, e explicar as diferentes formas da lingua se expressar.

De certa forma nenhuma dessas alternativas alcançam de fato a minha angústia primordial que é uma espécie de solidão intelectual e não apenas na linguagem de fato, mas em todos os aspectos e assuntos que são mais polêmicos. As pessoas geralmente não entendem o que eu quero dizer em totalidade porque se relacionam com a ponta do iceberg da minha reflexão e me trazem respostas prontas daquilo que eu JÁ SEI. Isso acontece porque geralmente eu estou falando sobre um problema mais abrangente do que aquilo que a pessoa está me trazendo e minhas reflexões estão ligadas à natureza humana, enquanto que as discussões geralmente estão relacionadas com temas pessoais, sejam de soluções, ou de preferências, ou de escolhas. Então eu realmente sinto que há uma divergência muito clara para mim quando eu estou conversando com as pessoas na profundidade daquilo que eu estou falando com a profundidade daquilo que a pessoa está falando. Essa diferença de profundidade ou até uma discussão que acontece em um debate "paralelal" no qual estamos ambos falando de coisas com perspectivas diferentes, me traz uma ideia de solidão mesmo. Parece que não entendem. Mas daí eu penso, será que não entendem o que eu quero dizer ou não concordam comigo? E daí eu me sinto burra, porque não parecem que entendem. Se entendessem, poderiam discordar de mim e seguiríamos a vida tranquilamente, mas não sinto nem que me entendem. E isso é essencialmente um problema de linguagem porque eu não consigo me expressar de forma clara para que o conteúdo das minhas ideias seja compreendido. Mas a linguagem em si não é sólida e isso é uma loucura. Toda a nossa comunicação é baseada em um mecanismo que não é sólido. A falta de confiança que sinto vem da própria dinamicidade da linguagem, também. E dos significados que essa mesma linguagem produz. Quando tornamos a nossa linguagem em falas com termos jurídicos, psicológicos, de outras línguas, podemos tanto enriquecer o conteúdo das ideias e diversificá-lo quanto massificá-los. E estou evitando durante todo esse texto de nomear os inimigos, mas se eu pudesse dar nome à coisa que faz com que toda essa angústia seja tão ardilosa é uma questão de lógica, a lógica da eficiência capitalista. Traduzimos tudo, informamos tudo, mas não crescemos. Nosso crescimento é um castelo de cartas, prestes a ruir, mas não, espera! Temos muitas soluções, compre aqui um pedacinho de felicidade. A minha dor é perceber que eu "funciono" de forma um pouco diferente dessa lógica da eficiência capitalista, mas que as pessoas de fato preferem essa lógica, veem nela sentido, querem continuar, e cabe a mim não julgá-las, mas entender que a vida delas não diz respeito a mim. Mas sim, dói um pouco, porque no fim das contas, essas coisas não são de fato importante para mim, mas para elas são. Enquanto eu quero discutir as coisas em um nível mais sistêmico, filosófico, estrutural e como isso nos afetam enquanto humanidade, as pessoas preferem discutir as coisas em um nível mais prático, pragmático e até dogmático, das coisas, um jeito mais individual, mais imediato. E agora, enquanto escrevo isso, eu fiquei pensando, porque isso me afeta tanto? Porque o que os outros fazem me afeta tanto que não consigo continuar meu dia simplesmente porque preciso pensar. E a resposta é, obviamente mais profunda do que um simples " me sinto sozinha", mas sim que me sinto menos humana. (apesar de eu me sentir muito sozinha sim). Se a definição de humanidade é determinada de forma histórica, cultural e social e os valores da sociedade de hoje não são os meus valores e o que eu busco para a minha vida, então não é que os seres humanos perderam sua humanidade, mas estão a redefinindo, e sou eu quem me distancio a cada dia o que a humanidade significa hoje e talvez seja essa a origem da minha solidão. A humanidade se redefine com novos critérios do que é bom, valioso e normal, e eu me sinto fora dessa redefinição. Em um mundo que valoriza a tradução automática, aprender idiomas é desnecessário. Em um mundo que valoriza certos aspectos físicos em detrimentos de outros, cirurgias plásticas são meras customizações do avatar. Em um mundo em que a velhice é mal vista, a busca pela eterna juventude nos impede de sentir a sabedoria de uma ruga. E no fim, parece que eu me torno apenas, chata, por não acompanhar tudo, por não concordar com alguns "avanços da ciência", por não concordar com certas "funcionalidades". E o mais interessante é que nem é questão de concordar, mas de questionar a lógica das coisas de hoje. As coisas atuais são urgentes, eu preciso saber agora, mas ninguém quer aprender. E tudo isso me deixa quase maluca, porque estou criticando a linguagem, a sociedade, a minha própria solidão e a mim mesma, utilizando a própria linguagem que como eu já disse não é sólida. E fico com a pergunta, como eu confio no meu pensamento se ele é construído justamente a partir desses materiais "defeituosos" que eu critico aqui? Fico feliz que eu tenha esse espaço para esse monólogo, mas é triste pensar que é um vácuo e que ainda assim é impossível me expressar aqui completamente da maneira como eu gostaria. Tem um limite muito grande nisso.

E bom, voltamos à solidão, solidão pela impossibilidade de ser totalmente compreendida, solidão "intelectual", solidão em relação ao que é considerado humano, relevante, importante, e poético.

Mas também percebo uma necessidade de me libertar da necessidade do controle em relação à todas essas coisas que me afligem, e como eu posso fazer isso? Sinceramente, não sei, realmente me sinto só. E vou escrever mais posts sobre essa solidão nos meus próximos posts do capítulo de Integração. É muito interessante como eu sinto que esse capítulo ainda só está começando e sinto que é ele, que vai mudar a minha vida de fato. Mas se eu pudesse me dar um conselho (e posso!), seria apenas para apreciar mais as coisas, aumentar meus índices de compreensão e de contemplação. Não é necessário que eu seja entendida, que eu seja compreendida, que eu seja até mesmo ouvida. O mais importante é que eu tenha a certeza do meu caminho e que eu continue nele, mesmo sozinha. Mas e se eu estiver errada no final das contas? Então morrerei mas terei vivido. Mas a pergunta real é: errada pra quem?? Quem poderá dizer que EU estou errada se minha crítica é sistemática? Busco fazer uma leitura da realidade com os olhos que eu tenho, inclusive considerando ainda que as pessoas podem querer continuar a viver de uma outra forma. Mas isso não é uma discussão moral ou emocional ainda que eu tenha emoções envolvidas. A discussão é epistemológica, de caráter definitório, que questiona a lógica, não estou questionando o que as pessoas veem, mas os óculos que elas usam para ver.

Ainda que no fim eu esteja só, não vou me silenciar perante injustiças, não posso e nem consigo. Mas preciso considerar o poder de liberdade do outro. Mas dói. Ainda que, de forma geral, para mim, seja insuficiente para alcançar o potencial de desenvolvimento da humanidade. Que como uma árvore, não diz respeito à quantidade de folhas, mas a profundidade de suas raízes. Para que nas tempestades, possa sobreviver. E é por isso que eu amo a linguagem, porque através dela, posso ser uma árvore! E eu não posso e nem consigo convencer todos a saírem do rio dessa dita eficiência capitalista. Aceitar que o outro pode estar "bem" e "feliz" dentro de um paradigma que eu desprezo é O teste final da minha crença na liberdade individual, e a linguagem entra nisso como um jeito de pensar em uma felicidade do outro que se torna um dialeto que não consigo falar ou entender. Porque o estar "bem" e o estar "feliz" para mim, vai ser diferente do estar "bem" e "feliz" de outra pessoa, inclusive das pessoas que eu amo. E a batalha política entre o que é felicidade ou não, deixa de acontecer apenas nos livros e passa acontecer nas relações do dia a dia. Porque eu não me contenho na minha própria felicidade e gostaria que as pessoas a experimentassem também, é como se eu estivesse em um acampamento sozinha, com uma fogueira e e as pessoas ao redor preferissem a lâmpada vendida por aqueles que apagaram as estrelas. Mas as pessoas podem "escolher" continuar a nadar no rio, e serem "felizes" com isso. Só não posso dizer com certeza se são realmente escolhas e se de fato é felicidade. Mas entendo que é uma forma de evitar o próprio afogamento porque a realidade material é implacável. "Preciso entregar os papéis hoje, não posso pensar em poesia, Mary".

Tudo que posso fazer é construir uma margem própria pra mim, um terreno próprio, particular e sólido, e de lá, talvez, oferecer abrigo para quem quiser sair da correnteza. Daqui, eu posso honrar a liberdade do outro de ser feliz no rio, sem precisar me lançar na correnteza, porque eu NÃO QUERO me lançar na correnteza. Posso entender que, em um mundo de aquedutos, achar paz nadando na direção da água é uma forma de sobrevivência e que eles sobrevivam! Ainda que esse tipo de sobrevivência não seja exatamente aquilo que eu quero para mim. E me recuse, veementemente, a isso. E prefira, antes de tudo, a morte. E ainda me pergunte as vezes: será que eu estou errada? Será que eu sou a teimosa? Será que eu aguento nadar contra a correnteza para sempre? E a contradição nisso tudo é no dia a dia, o fato é que o amor por quem navega é mais importante do que a crítica ao rio. Mas ao criticar o rio, os que nadam nele podem se sentir ofendidos, também. Mas eu os amo, de fato, e meu amor por eles é realmente maior do que tudo isso.

Mas como eu me conecto com as pessoas a partir dessa lógica? Pensando que a linguagem é incompleta, os valores da sociedade são falhos, a definição de humanidade atual não tem espaço para mim em minha totalidade, como me conecto com as pessoas? Bom, a resposta parece menos agradável do que realmente possa sentir, mas a única saída é continuar me conectando. Da forma que der, e lidando com essa frustração do limite também. A conexão parece ser sempre incompleta, intocável naquilo que poderia ser. Mas eu ainda consigo me conectar parcialmente com as pessoas, apenas NUNCA de forma total. E como lidar? Criando, posts como esse, ou outras coisas, até mesmo artísticas. No fim, minha parte favorita da vida é o ser humano e a humanidade. Porque ainda que eu não me sinto tão próxima da definição atual de humanidade, ou da moral capitalista e individualista que ela valoriza e todos esses impactos realmente me machuquem e doam, e eu me sinta só e sozinha, e ache todo esse último capítulo um misto de drama desnecessário e dor verdadeira, mas eu sou assim mesmo, e tudo bem, só que não há nada no mundo que eu prefira fazer do que ter esperança que a linguagem, e portanto a poesia (humana), nunca vai de fato, morrer. E nós resistiremos, com amor, ao luto pela humanidade que estávamos prometidos a ter, mas que está sendo trocada por uma versão funcional, eficiente e filosoficamente vazia de seres humanos que traduzem poemas chineses da dinastia Tang, pelo Deepseek, sem imaginar o Li Bai capturando a lua, e só pensando no próximo feriado prolongado. E é isso que temos. E portanto cabe a mim, encontrar caminhos para que eu mesma não seja cooptada por esse tipo de comunicação, de esvaziamento do ser humano, sem eu mesma me esvaziar, porque o desengajamento também pode ser perigoso . Mas que eu possa compreender as pessoas e respeitá-las e amá-las, do jeitinho que elas são e querem ser. Porque também, como eu mesma escrevi, nem tudo é mal, nem todas as mamães são chamadas de mamãe e humanidade resiste em diversidade, em teses e antíteses, e nunca em uma síntese única e uniforme. E isso é bom, e belo, e valioso. O valor primordial é o amor, mas no fim da caixa de Pandora, sempre haverá a esperança.




Esse post foi escrito em vários dias, por isso é mais longo que o normal, fala de mais assuntos que o normal, e carrega em si diversos sentimentos conflitantes, contradições, falta de nexo, mas no fim, vale a pena. Porque a vida vale a pena.



 
 
 

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