Alma - Poema
- Mar
- 17 de jun.
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ALMA
Da artista não se conhece a alma, apenas os fractais que a refletem
Num autorretrato se retrata, não a sua totalidade, mas as partes que se esconde
no respirar da realidade.
Em outros desenhos, porém, ali se revela a dor, fantasiada de ruminante
porque ruminou seus insultos e olhos que nada podem revelar
Só refletem
Não na cor opaca do giz
oleoso
Mas reais.
Mu
diz
a vaca.
Comentário pintado em vermelho,
É que para o sangue faltou a faca.
Então usa vermelho vibrante
Sua escolha, nem pensada, é no mínimo
interessante.
Porque aceita o fluxo dramático de suas veias
Que oculta descrições lógicas e protocolos
e se debruça na arte
como filha pedindo colo
como amante.
Que não toca, se desposa, no distante.
E vê, nas suas representações
uma constante:
O vazio
Preenchido
Quando, por frustração, pela arte
E quando, por fantasia, a um outro
Se joga, a cada dia, com os olhos abertos, ao seu próprio descontrole
agarra-se nos chistes e palavras doloridas
e insiste
em arrumar flagelos
para que sirvam de inspiração
e possa se jogar no abismo da arte
porque a realidade, só
é
chata
não é chata, na verdade
é que o que dói
é piada
então não sinta
vaca
rumine seu drama e então o descarte
desenhe toda sua dor tola e desnecessária
e chame o seu sangue de arte
Só não se atreva a chorar,
ou a dizer em voz alta:
Mu
Porque com seu leite, só se faz manteiga
woa