Decantação - Poema
- Mar
- 24 de abr.
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Atualizado: 9 de mai.

DECANTAÇÃO
Da música eu quero só o refrão
Repetidamente
Repetidas vezes até que a primeira nota me enoje
Do palhaço, quero só a graça
A mesma piada contada um milhão de vezes
Até que a primeira palavra
Me faça vomitar
Do sofrimento, quero só a satisfação
De deixá-lo pra trás
Quero somente a vista na escalada
Das perguntas só as respostas
Quero só o cheiro do perfume
Quero respirar em minha filosofia
O x da questão
Quero só o centro de todas as coisas
Quero só o cerne
Só o principal
Da pele, a epiderme
Do fogo, a chama.
No princípio do prazer, quero estar no topo da parábola
A máxima tensão e disparate
A máxima intenção
O máximo de tudo
Outra vez
E de novo
Mais uma
E um
Milhão de vezes
Quero tudo
De forma tão intensa, rápida e irreverente
Que me esqueço do contraste
Da beleza do crescimento gradual
E quero
Tudo tão puro
Sem barulho
Sem orgulho
Sem ruído
Quero mais e mais
E terminar essa poesia
Sem falar de você
Mas também quero você
Tanto e tão intensamente
Que prefiro nem dizer
Da gente
Por medo de achar que o padrão é evidente
Mas você é exceção
então eu quero tudo
de tudo de você
100% aqui e agora
E logo logo mudo
Por escolha ou necessidade
O perfume sai de linha
Pego pneumonia e não posso respirar
Foi bom enquanto durou
A parábola se inverte
Enquanto durou foi bom
Mas de ti, quero tudo eternamente
Que te aproveito devagar
Vagarosamente
Para que talvez seja bom pra sempre
Porque não me enjoo de você
E tenho medo
De você enjoar de mim

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