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O porquê! - (e também os para quês)

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • 24 de out. de 2024
  • 8 min de leitura

Atualizado: 2 de mai.

Obviamente eu modifiquei o título depois de escrever o post do porque x para quê.



Vulnerabilidade na escrita:

Escrever (e postar) é revelar-se, e a vulnerabilidade presente na escrita é um reflexo daquilo que muitas vezes eu evito olhar, mas ao mesmo tempo é também uma oportunidade para que eu consiga ter contato com essas partes vulneráveis de mim. Entrar em contato com os medos e aprender a lidar com a exposição ao escrever. Com o olhar do outro e com o peso de quem sou também, independente de quem eu seja. Explorar as partes em mim que são ocultas e com isso também me autoconhecer.

Há uma certa ironia nisso: quanto mais me exponho, mais me protejo e me torno eu mesma. As palavras viram escudos transparentes, como campos de força, da minha própria filosofia e daquilo que sou, onde posso ser o que quiser e explorar qualquer assunto ou ideia livremente (ou tentando se desvencilhar do "escrever para o outro"). E talvez seja isso que me fascina, porque a ironia também está na ambiguidade de quem lê e interpreta, de quem julga ou se identifica, enquanto eu, na minha própria jornada, descubro a vulnerabilidade como bússola e direção própria, mas também como um exercício para que eu me sinta livre para me transformar nas e das interpretações alheias e crescer. E a proteção vem da própria construção da minha identidade, que se solidifica, mas nunca inteiramente, tal como um líquido não newtoniano (maizena e agua, para os mais chegados), que vai resistindo ou cedendo conforme a pressão necessária.


Autoconhecimento:

Assim como escrever é revelar-se, revelar-se é se conhecer. E como a psicologia histórico-cultural diz: me transformo ao transformar a natureza. E também me conheço nesse processo. As vezes é quase como uma associação livre freudiana escrita, só deixar as coisas acontecerem e fluirem e assim me surpreender com o que escrevo, tipo ":O! Eu escrevi isso? O que isso quer dizer?" e assim abro caminhos para mais descobertas ainda. É como se a escrita me obrigasse a encarar minhas próprias contradições, aquelas que eu disfarçava até para mim mesma nas conversas do dia a dia, ou nem chegava a pensar. E quando publico, é como se estivesse dizendo: "Aqui está, essa sou eu, pelo menos por enquanto." Mas também sabendo que posso mudar o que penso a qualquer momento, justamente porque sei que sou um ser que muda e saber que posso mudar de ideia amanhã não diminui o peso do que escrevo hoje, mas aumenta a responsabilidade de assumir cada palavra como verdade temporária, mas ainda assim verdadeira. E o autoconhecimento está justamente aí: escrever não é apenas para expressar o que já sei, mas descobrir o que ainda não sabia que sabia e até elaborar novas reflexões. E daí, quando releio esses escritos, vejo padrões que se repetem, temas que insistem em voltar e ciclam de maneira diferente (ainda vou fazer um post só sobre ciclos), perguntas que reformulo de dez maneiras diferentes, ideias para posts futuros que esqueci de escrever e até alguma coisinha que deixei passar da primeira vez que escrevi mas que agora faz muito sentido pra mim.

Aos poucos, todos esses escritos mostram tanto para onde vou, quanto de onde venho e me ajudam a decidir quem eu quero ser e até ressignificar o que já fui.



Desperdício em conversas:

Sinto que gastei muito da minha filosofia em conversas baratas. Não digo isso porque eu não gosto de conversar com as pessoas, pelo contrário, gosto bastante de escutar ideias diferentes e entrar em uma simbiose de conceitos, criando novas ideias. Porém, não as registrava e muitas vezes elas se perdiam no tempo, muitas conversas boas se perderam no tempo, justamente porque não foram registradas, tenho certeza que elas permaneceram na minha memória e alteraram a substancia do meu ser, mas não foram registradas de fato e por isso não posso dizer que sei o quanto de fato mudei sem ter o registro do processo gradual de elaboração do meu pensamento. Muitos "e se" foram perdidos em conversas ótimas e ideias jogadas ao vento. É realmente uma pena, mas manter isso em mente me motiva a escrever e continuar com esse blog apesar das dificuldades citadas ali em cima na parte de vulnerabilidade (principalmente a questão da exposição e a dificuldade de ser eu mesma).

Muitas vezes também o desperdício se dava pela falta da escuta, ou seja, tentar falar com alguém sobre essas ideias malucas ou até triviais e ser recebida com desdém, desprezo ou até invisibilizada nas minhas próprias teorias, ser tirada como burra ou doida e ser silenciada. Mas a escrita (e o blog), além de ser surda, é muda e não julga as minhas escritas, apesar de eu entrar em contato com a dinâmica (julgamento-justificativa) muitas vezes enquanto escrevo aqui, é uma forma maravilhosa de registrar o que penso sem interferência (direta) dos pensamentos alheios. Ainda que, de certa forma, posso e devo discutir os assuntos aqui com outras pessoas, até como um jeito de elaborar e atualizar os pensamentos para que eu continue meu crescimento e melhore como pessoa também.

E lembrando que -> Não é que eu não goste de conversar, eu amo conversar, mas ter esse blog me permitiu não deixar as minhas ideias jogadas fora e ainda posso discutir com outras pessoas o que eu acho, e pegar os frutos dessas conversas e transformá-las em reflexões aqui também, mas não depender das pessoas para pensar e refletir. E assim, é mais legal conversar com quem QUER conversar comigo e até a discussão mais boba pode virar reflexão quando a gente para pra escrever direito ou com alguém legal :)).


Registro de ideias

Essa parte não diz respeito a ser profunda ou ter ideias geniais e mudar o mundo (talvez a parte de mudar o mundo um pouquinho, mas isso explico em outro post), mas sim tem a ver com não deixar mais meus pensamentos virarem pó e desaparecerem só porque alguém não soube escutar ou porque eu não soube anotar, ou porque esqueci, ou porque não achei interessante na hora e outros um milhão de N motivos que me possam impedir de registrar. E tudo isso se relaciona bastante com a parte de "desperdício de ideias", porque partem da mesma ideia e a funcionalidade do blog.

Registrar o que penso aqui é, então, quase um ato de resistência contra esse desaparecimento silencioso do que penso, não (somente) como uma resistência política, mas como uma resistência à própria morte e ao esquecimento. Assim eu garanto que ainda que algo não pareça importante, pronto ou até mesmo interessante no momento, ainda assim tenha um espacinho aqui e isso também ajuda no carinho que tenho comigo mesma, porque ao proteger as coisas que produzo, também aos poucos, me sinto mais confortável e gosto mais de mim mesma. E mesmo que eu registre algo que esteja inacabado (eu não preciso postar), essa ideia pode com o tempo florescer em uma explosão ( ou em inglês: BLOOOOM) e conforme as coisas acontecem, posso ler algo que se relaciona com aquele pensamento que anotei, ou conversar com alguém que me ajude nisso. E sinceramente, eu sou bastante abençoada nesse quesito, sempre aparecem coisas que me ajudam a refletir minhas ideias do momento (a isso também cabe um debate se estou refletindo, produzindo ou sendo produzida nessas reflexões). E com isso as coisas vão se construindo, reconstruindo, desconstruindo e destruindo (mais um post vem aí kkkkk). Mas assim, o blog vai funcionando como esse depósito, uma espécie de arquivo (vivo) do que penso, como penso e também como essas reflexões vão se interligando e se atualizando e transformando também, a medida em que a própria percepção de mim sobre mim mesma se altera nesse processo.

É então, uma espécie de amálgama de memórias em construção que talvez algum dia sirva para alguém, mas em primeira instância, serve pra mim, novamente pensando nas minhas origens, no que quero para o futuro e em como vivo atualmente, articulando a tríade presente-passado-futuro de forma particular, e quem sabe, divertida.

Um detalhe importante de dizer é que por "registro de ideias" eu não me refiro apenas à ideias, apesar do texto acima se referir principalmente à ideias. Esse motivo se refere principalmente ao registro de mim mesma de forma geral, como uma espécie de autoprodução ou legado de reflexões completas e elaboradas e outras coisas que vão desde as coisas mais bobas como "como comer pringles" (Já tenho o post) até "Como transformar o mundo" (Ainda nem comecei a escrever- enquanto esse post é escrito, claro) e registro das minhas poesias (ou algumas delas) e projetos em geral. É ISSO! ufa!



Movimento de retomada ao mundo escrito:

Sempre gostei de escrever, mas as vezes sentia que não escrevia o tanto quanto eu tinha para escrever (o que se relaciona com o desaguamento e dessufocamento que vou explicar depois), isso porque a escrita é necessária em muitos contextos da vida e as vezes posso esquecer do escrever por e para mim. E isso muitas vezes pode ser um problema porque me limita, limita meu processo criativo e as possibilidades do meu fazer.

E quando fico tempo demais sem escrever, sinto como se algo em mim estivesse represado. Como se pensamentos, sentimentos e ideias começassem a se acumular, pedindo passagem, o que também se relaciona com as questões de desaguamento e dessufocamento, mas vou realmente deixar pra depois.

Com esse blog também entro em contato com a lingua e organizo meus pensamentos através do mundo escrito, me encontrando com a liberdade criativa sem pensar em datas de entrega, mas seguindo a motivação e percebendo que há condições de fazer as coisas sem a necessidade de recompensas imediatas ou tangíveis com minhas ações.




Por fim os últimos 3 motivos (ou 2 e meio). Últimos, mas não menos importantes.

(Organizei dessa forma porque achei que os motivos mais elaborados poderiam ficar acima e os motivos mais curtos no final para fechar com chave de ouro e destacando a dinamicidade do que escrevo. As vezes muito, as vezes pouco, as vezes poemas, as vezes prosa, as vezes são, as vezes louco).

Habilidade de escrita:

Esse motivo pode parecer obvio, mas na realidade é importante também, porque escrever ajuda a aprender a escrever, e talvez um dos mais curtos dos motivos seja o mais concreto: a habilidade de escrita é indispensável e com ela também organizo meus pensamentos.


Amor pela linguagem

Sempre amei a linguagem, a linguística, a língua e o amor. Juntar tudo isso e escrever é lindo. É dificil pra mim escrever esse motivo porque acho que ele se explica por si só, então, só digo que amo as palavras, as letras, os conceitos e a poesia.


Desabafo e desaguamento, descompressão, dessufocamento. -

Essas quatro coisas são bem complexas de serem explicadas aqui. Nesse caso vou fazer um post só sobre isso :))) e explicar cada um deles, porque acho que apesar de se relacionarem com o assunto, são uma série de conceituações a parte que merecem uma atenção especial e no fim das contas são o que são.



Há também outros porquês mais rápidos de explicar como o fato de que posso entrar mais em contato com a arte, aprender a mexer com coisas relacionadas à operacionalização de um blog e à design, escrever RPGs e desenvolver projetos como um todo e no fim, apenas ter um passatempo não monetizado que me faça sentir viva sem entrar diretamente na corrida dos ratos.

Cada novo porquê foi aqui acrescentado a medida que foram surgindo ao longo do tempo. Ultima atualização em 24/04/2025 - Acredito que vai permanecer assim, mas se necessário posso acrescentar mais motivos também.




Até a próximaaaaa :))))))

 
 
 

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