Poema - Relicário
- Mar
- 13 de fev.
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RELICÁRIO
É que minhas memórias não cabem em um relicário
Não posso carregar no pescoço toda a minha história
Há de se guardar em caixas, cristaleiras ou em um armário
Um relicário, porém,
Um pingente,
Comporta uma só relíquia
Um só carinho
Um pingo de gente
Um pingo da gente
E todos os outros objetos, tão memoráveis, ficam guardados numa caixa verde ao lado da minha cômoda branca de madeira compensada com a gaveta estragada, debaixo da caixa preta cheia de papéis de poesias e desenhos que eu me recuso a jogar.
E no relicário
Só há espaço para um papel
Não é dinheiro
Porque subjetivo é seu valor
Carrego no pescoço,
O que cascata pelo colo
Pertinho do meu coração
No seio da alma
Desbotada seja, até sem cor,
A minha relíquia verdadeira:
Uma foto
De ti
Meu amor.
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