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Por quê? & Para quê?

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • 30 de mar.
  • 4 min de leitura


Para quê e por quê?

Uma vez assisti um filme chamado Viver Duas Vezes e sobre esse filme eu poderia falar um milhão de coisas e reflexões, mas vou focar apenas em duas perguntas hoje.

“Por quê?”

e

“Para quê?”

Bom, o filme conta a história de um senhor que após um diagnóstico de uma doença neurodegenerativa resolve reencontrar seu amor

de infância antes que a esqueça. Vou tentar não dar spoilers sobre o filme propriamente dito. Esse personagem - Emílio por referência - tem uma característica peculiar e recorrente: todas as vezes em que alguém responde “porque” , ele rebate costumeiramente com “por que não, para quê?”. Quando assisti esse filme pela primeira vez (ja vi 2 vezes), isso tornou-se uma sementinha para minha consciência em pensar na diferença entre “por quê” e “para que”.

Aparentemente as duas perguntas parecem ao mesmo tempo similares e distintas e portanto pode ser um preciosismo barato refletir sobre isso, além de uma perca de tempo. Porém, será mesmo que elas são substancialmente diferentes ou iguais? Vamos pensar um pouco sobre a diferença e a semelhança entre as duas logo após as definições.

Nesse momento o gatilho inicial para escrever esse post já se torna pano de fundo (jogado fora) para a reflexão aqui, porque o foco está precisamente no título “para quê e por quê?” para que assim possamos compreender um pouco mais sobre seus desdobramentos. Percebeu o que fiz? Exatamente. Ok, vamos lá.

POR QUÊ?

O porquê está diretamente ligado aos motivos precedentes à ação. De certa forma o porquê está ligados nas causas e origens das nossas atitudes. Pode nos revelar algumas necessidades, ou circunstâncias prévias e futuras e de forma geral as INFLUÊNCIAS da ação. Pensar no porquê nos ajuda a pensar no que queremos de forma primal, ou seja, aquilo que nos orienta à agir.

PARA QUÊ

O para quê traz a ideia de finalidade à ação, isso é, com o “para quê” podemos pensar em desdobramentos para uma decisão por exemplo, geralmente está relacionado a metas ou objetivos futuros (não somente isso sempre, claro, mas de forma geral sim). Nesse sentido, o para que está ligado à possíveis resultados. Pensar no para que nos ajuda a pensar no que queremos de forma funcional, ou seja, no que buscamos alcançar com aquilo.

DIFERENÇAS E SIMILARIDADES.

Há semelhanças entre as duas coisas, obviamente. Quando eu digo “quero comprar bolo porque vou fazer um aniversário” e “Quero comprar bolo para fazer um aniversário”, as duas coisas culminam em uma mesma coisa, mas a estrutura do discurso é diferente e talvez o entendimento também. Como?

Quero comprar bolo porque vou fazer um aniversário - aniversário → comprar bolo.

Quero comprar bolo para fazer um aniversário - comprar bolo → aniversário.

E o que decorre dessa diferença?

Essa simples alteração coloca uma mudança de perspectiva em relação à função de uma ação e sua ordem também. Muitas vezes ao buscar os motivos para uma determinada ação ou decisão, podemos cair em uma listagem sem propósito futuro com justificativas no passado. Com o uso do para que, estabelecemos a ação como o antecedente de um motivo posterior, o que inconscientemente pode nos levar a interpretar os motivos como recompensas propriamente ditas do que como coisas que carregamos, isso é, quando eu faço algo porque algo (por causa de algo), o propósito fica oculto, mas os antecedentes ficam claros. Já quando fazemos algo para algo, o propósito fica mais claro e portanto a ação se torna o próprio antecedente.

É preciso dizer que as duas situações falam de futuro, mas uma coloca o aniversário como justificativa prévia (ainda que seja futuro) e a outra coloca-o como finalidade. Ou seja, ainda que o porquê possa buscar motivações antecipadas, essas ainda seguem a mesma estrutura antecedente. O porque continua buscando as razões e o para que os resultados possíveis.

A lingua portuguesa pode se elastificar para que uma palavra signifique a mesma coisa com palavras diferentes e por isso essas podem ser “intercambiáveis” em alguns contextos. Não me refiro à esses contextos, apenas busco uma reflexão sobre como pensar acerca das decisões

IMPORTÂNCIA DAS DUAS PERGUNTAS.

As duas perguntas nos dão direções distintas das nossas ações e possíveis decisões. Por isso, focar em apenas uma das perguntas pode nos limitar a ter uma visão completa das possibilidades. Eu tendo a acreditar que algumas pessoas focam mais nos porquês e outras mais nos para quês, mas acredito que ambos são bastante úteis para refletir. O porquê traz a questão da experiência a tona e o para quê ajuda a pensar nossas intenções. Quando juntamos as duas, potencializamos as possibilidades porque podemos entender COMO as coisas chegaram onde chegaram e onde ainda podem chegar.

EXERCÍCIO FINAL

Deixo aqui um exercício prático para quem ler esse post para que possa refletir na prática nas diferenças das perguntas e quais respostas são esperadas em cada uma delas.

  1. Por que você está estudando inglês? Para que você está estudando inglês?

  2. Por que você comprou esse carro? Para que você comprou esse carro?

  3. Por que você quer mudar de emprego? Para que você quer mudar de emprego?

  4. Por que você acorda cedo todos os dias? Para que você acorda cedo todos os dias?

  5. Por que você está economizando dinheiro? Para que você está economizando dinheiro?

  6. Por que você pratica exercícios físicos? Para que você pratica exercícios físicos?

  7. Por que você está lendo esse livro? Para que você está lendo esse livro?

  8. Por que você viajou para esse país? Para que você viajou para esse país?

  9. Por que você está aprendendo a cozinhar? Para que você está aprendendo a cozinhar?

  10. Por que você decidiu fazer terapia? Para que você decidiu fazer terapia?

Observe que essas perguntas são iguais, exceto pela alteração do porque/para que, na construção da frase. Para você, tem diferença? :))

É isso, até a próxima :))

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