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Sem título - Poema

  • Foto do escritor: Mar
    Mar
  • 20 de abr.
  • 3 min de leitura

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Quando eu escrevia só por escrever, era fácil

até chegar as expectativas

Quando eu escrevia no escuro da noite

na penumbra do amanhecer

era fácil

até chegar ao deslumbre do olhar.


Uma pequena sombrinha me esconderia do sol do meio-dia

se eu não quiser ser vista usarei um chapéu

amarelo brilhante


Uma poesia que se ilumina com suas próprias palavras e se perde no vazio do que poderia ter sido escrito

em prosa.


Mas é verso.

Porque prosa tem que ser claro

e coeso

E a coesão vira peso

que insiste em elucidar

e iluminar

o que eu quero que fique lá

nas lacunas do poema


Perdi a sombra

a sombrinha laranja

Me faço se sonsa, antes que eu me constranja


Não sei

Não lembro

Não quero saber


Nem é tudo isso mesmo!


Se eu pudesse mudar algumas coisas, trocaria tudo de incrível que tenho pelo ordinário

Contanto que eu não tivesse o ruim

Desapareciam-se todos os contrastes e constringiriam todos os constrangimentos

No ordinário descansaria a inconsciência

O toque que falha alcançar a dor e o amor por completo

Estaria finalmente feliz na anestesia


Uma simples anestesia

Tragam

tragam mais uma dose de anestesia

Assim não sinto

Assim eu fujo

Assim eu desapareço

Finjo que esqueço

Finjo que não sei

Finjo que não lembro e que não quero saber

Finjo que não me importo e que as palavras não têm significado nenhum

É uma anestesia só


Mas qual valor tem uma anestesia se a cura da minha doença vem do sentir?

Qual valor tem uma anestesia

uma fuga

se minha cura vem da dor?


Deixe que me vejam

Deixe que se surpreendam

Ninguém que viveu uma vida que valesse a pena estava preso

nos confins do absoluto


Porque o absoluto é só questão de perspectiva

e então absolutamente

tudo

é

relativo

menos o que eu sinto aqui e agora

amanhã será relativo

a ontem


Não há felicidade na anestesia

Nem profundidade

Nem dor

Nem amor

Nem desafio

Nem nada


Quando eu escrevia por amor era fácil

Quando eu escrevia por coração partido era fácil

Quando eu escrevia era fácil

Escrever por desejo

escrever o que não me alcança

escrever

sem olhos

um milhão de olhos

era fácil


Mas é que eu tenho a mania de querer viver minha poesia

e daí não posso escrever mais

se não teria que beijar seus olhos

até não me sentir julgada por eles

pelo deslumbre

do umbral

de que tento escapar

e ninguém vê,

só você.

(e todos os outros olhos tão especiais quanto os seus)

Que só admiro porque me vejo através deles (será?)

Ou eles se veem?

Através daqui?


Como seria eu se não fosse completamente eu?

Como seria eu se eu fosse completamentemente eu?

Como seria eu se eu fosse incompletamente eu?

Como seria eu se eu fosse incompletacompletamente eu?

Como seria eu se eu fosse complementamente eu?

Como seria eu se eu fosse incomplementamente eu?

incomplementável?

complemento?

que completo?

que desgosto

Como seria eu se eu fosse

E-U?



Como seria Moi se Moi fosse Je?

Tudo que vem a mim, eu também quero.

Só faça um pouco mais de silêncio, que eu tô tentando te ouvir

Enquanto me escondo

de ti


Escrever por escrever é fácil

Difícil é não me apaixonar, assim tão fácil

pelas histórias

que os versos

palavras

e linhas de um poema

não contam

e então moram

e morrem

nas entrelinhas da poesia.


Morro enfim me apaixonando,

vendo o extra no ordinário

e vivendo o cotidiano.




 
 
 

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